Marina Schmidt
Com mais de 45 anos de história, a Embraer é, hoje, a terceira maior fabricante de aviões do mundo e ambiciona ser mais do que uma companhia nacional de grande projeção. “Somos uma empresa brasileira e estamos vivendo um processo para nos tornarmos uma empresa global”, descreve o vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Embraer, Nelson Salgado.
Em reunião-almoço organizada pela Câmara Brasil-Alemanha nesta quinta-feira, Salgado destacou a consolidação da Embraer no mercado internacional: somente na aviação comercial – que responde por metade das operações da companhia –, já foram comercializados mais de 1,6 mil aviões para 86 companhias aéreas de 57 países. A linha de segurança e defesa, que representa 25% dos negócios da Embraer, está em mais de 50 forças armadas no mundo.
Apesar dos números e da trajetória, Salgado lembra que chegar a esses resultados só foi possível com investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o que também tem garantido fôlego à empresa.
“Nós não estamos, nem nunca estivemos, em uma condição confortável”, sustentou, citando que a empresa travou uma “luta incessante para sobreviver”. Em 2013, 5,5% da receita da Embraer (US$ 340 milhões) foram investido em P&D. Em recursos humanos, mais de 4 mil engenheiros trabalham exclusivamente com inovação – segmento que responde por 34% da receita da empresa.
Salgado avalia que esses investimentos são indispensáveis para manutenção da competitividade da Embraer, que, mesmo com a consolidação internacional e 80% do faturamento decorrente do mercado externo, também observa atenta o ambiente político-econômico do País. “A competitividade da economia brasileira é o que nos preocupa. Não podemos desprezar que 20% dos nossos rendimentos vêm do Brasil”, diz. Os problemas enfrentados pela companhia são a elevação no custo da mão de obra, câmbio desfavorável e custos logísticos, elenca.
Outro fator que foi citado como crucial para as operações da Embraer e que futuramente pode ser um problema maior é a qualificação da mão de obra. Nesse sentido, a Embraer desenvolveu programas específicos de pós-graduação em engenharia aeronáutica em 2001, tendo formado mais de 1,4 mil engenheiros desde então. Salgado reforça que a atenção dada à formação também se concretiza em parcerias com regiões que têm centros acadêmicos voltados para o setor. Na semana passada, a Embraer inaugurou um centro de engenharia e pesquisa em Belo Horizonte, cidade que possui cursos alinhados à atuação da empresa.
O Rio Grande do Sul pode ser outro estado contemplado com áreas de pesquisa da Embraer. Salgado sinalizou para a possibilidade de cooperação em tecnologia com a Ufrgs. “Observamos o Estado com muita atenção”, afirma Salgado.
Demanda por voos domésticos registra alta de 6,4%
A demanda por transporte aéreo doméstico cresceu 6,4% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo balanço apresentado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Em relação a setembro, a alta foi de 9%. No total, foram transportados pelas companhias aéreas filiadas à Abear — TAM, Gol, Avianca e Azul — 7, 3 milhões de passageiros, 6,7% a mais do que em outubro do ano passado. No acumulado do ano (janeiro a outubro), foram realizadas 66,4 milhões viagens dentro do País, ou 4% superior ao mesmo período de 2013.
Para o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, o cenário do mercado doméstico se manteve com demanda em alta e com oferta controlada, o que elevou o fator de aproveitamento de assentos para 80,8%, atingindo o padrão de eficiência de empresas internacionais.
As empresas TAM, com 39,14% de participação, e Gol, com 36,6%, mantiveram a liderança do mercado doméstico em outubro. “O quadro se manteve com aumento da demanda e oferta controlada e deverá continuar assim nos próximos meses”, disse Sanovicz, lembrando que as empresas aéreas estão preparadas para a operação durante o período de férias que se estende de dezembro a fevereiro.
Entre as medidas para melhorar o fluxo das operações durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, as companhias anteciparam a manutenção programada das aeronaves, aumentaram o número de aviões reservas e reforçaram as equipes de agentes de aeroportos com maior demanda.