A Operação Treme Cerrado é um grande exercício de adestramento, coordenado pelo Comando Militar do Planalto. No ano de 2015, participam a 11ª Região Militar, a 3ª Bda Inf Mtz, o Comando de Operações Especiais e demais Organizações Militares diretamente subordinadas ao CMP, além de meios da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, da Academia Militar das Agulhas Negras, do 6º Esquadrão de Transporte Aéreo e do Comando Militar do Oeste, por meio do 3º Batalhão de Aviação do Exército.
A atividade foi concebida em um quadro de Defesa Externa, e dentro do contexto das Operações de Amplo Espectro, no qual a força militar empregada, para obter e manter resultados decisivos, deve estar apta para atuar mediante a combinação de Operações Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio aos Órgãos Governamentais, simultânea ou sucessivamente, prevenindo ameaças, gerenciando crises e solucionando conflitos armados.
Na operação, que ocorre no Campo de Instrução de Formosa, no período de 17 a 22 de outubro de 2015, os novos Carros de Combate sobre rodas “Guarani”, pertencentes à 3ª Bda Inf Mtz, serão empregados pela primeira vez em um exercício de adestramento no terreno.
Ambiente Operacional
O ambiente operacional contemporâneo salienta a busca da Legitimidade da causa da Guerra, normalmente, com respaldo de Organismos Internacionais.
A opinião pública está menos propensa a aceitar o emprego da força para a solução de antagonismos entre Estados. A presença constante da mídia e a valorização das questões humanitárias e de meio ambiente exigem que as operações militares respondam a uma série de condicionantes, entre as quais:
a) Combate com menor número possível de baixas;
b) Mínimo prejuízo para a população civil;
c) [endif] Menores “danos colaterais” possíveis, causados a não combatentes e a bens não diretamente relacionados com as operações.
Os comandantes de hoje devem conjugar as ações das forças desdobradas, em tempo e espaço, e de forma sincronizada, a fim de obter maior efetividade.
Para tentar diminuir a vulnerabilidade das forças militares nessa nova concepção do Campo de Batalha, o Comando deve, sempre que o Exame de Situação e Fatores da Decisão recomendarem, procurar evitar ações lineares, o combate aproximado, frentes estáveis e longas pausas nas operações.
Dinâmica das Operações Militares
Atualmente, o comandante deve levar em consideração referências que permitam orientar as suas ações em coordenação com os demais vetores militares e civis por meio de uma ação unificada. Para isso, deve conhecer a área na qual vai atuar e saber como realizar a integração e sincronização de todas as atividades que se desenvolvem sob sua responsabilidade.
PROFUNDIDADE: é a extensão das operações no tempo, espaço ou finalidade, incluindo as ações de segurança, para alcançar resultados definitivos. Os comandantes de forças terrestres devem atacar forças inimigas em toda a sua profundidade, impedindo o emprego eficaz, pelo adversário, das reservas, do comando e controle, da logística e de outras capacidades que não estão em contato direto com as nossas forças.
AÇÕES PROFUNDAS: compreendem, basicamente, a realização de Operações de Interdição, visando ao isolamento do Campo de Batalha, impedindo o oponente de concretizar suas possibilidades de retirar-se e ser reforçado em tempo útil, sujeitando-o, dessa forma, a ser derrotado por partes. Também permitem investir contra o sistema logístico e de comando e controle, causando o colapso das linhas inimigas da retaguarda para frente. Executam-se a grande profundidade e em terreno controlado pelo inimigo, com a finalidade de localizá-lo, fixá-lo ou destruí-lo, mantendo-o afastado de seus objetivos, limitando sua liberdade de ação, criando condições favoráveis para as ações aproximadas ou, ainda, obtendo um efeito decisivo sobre a vontade de vencer ou capacidade de combate do oponente.
INTEGRAÇÃO: é a ação de organizar um conjunto de forças militares terrestres em um todo lógico de forma que as relações entre elas possam gerar efeitos sinérgicos, alcançados pelo apoio mútuo, independentemente dos meios empregados. Os elementos da Força Terrestre não operam de forma independente, mas como parte de uma ação unificada maior.
SINCRONIZAÇÃO: A sincronização é o arranjo das operações militares em tempo, espaço e finalidade para produzirem o máximo Poder Relativo de Combate (PRC), em um tempo e lugar decisivo. É a aptidão de executar múltiplas tarefas relacionadas e apoiar mutuamente em diferentes locais ao mesmo tempo, produzindo efeitos maiores do que a execução de cada uma isoladamente.
Funções de Combate
Uma Função de Combate é um conjunto de atividades, tarefas e sistemas afins, integrados, para uma finalidade comum, que orientam o preparo e o emprego dos meios no cumprimento de suas missões. O raciocínio baseado em Funções de Combate possibilita decompor a solução de cada problema militar em uma série de tarefas a serem cumpridas. As Funções de Combate são:
Comando e Controle: conjunto de atividades, tarefas e sistemas interrelacionados que permitem aos comandantes o exercício da autoridade e a direção das ações.
Movimento e Manobra: conjunto de atividades, tarefas e sistemas interrelacionados, empregados para deslocar forças, de modo a posicioná-las em situação de vantagem em relação às ameaças.
Inteligência: conjunto de atividades, tarefas e sistemas interrelacionados, empregados para assegurar a compreensão sobre o ambiente operacional, as ameaças, os oponentes, o terreno e as considerações civis.
Fogos: conjunto de atividades, tarefas e sistemas interrelacionados, que permitem o emprego coletivo e coordenado de fogos cinéticos, orgânicos da Força ou conjuntos, integrados pelos processos de planejamento e coordenação de fogos.
Logística: conjunto de atividades, tarefas e sistemas interrelacionados, para prover o apoio e serviços, de modo a assegurar a liberdade de ação e proporcionar amplitude de alcance e de duração às operações. Engloba as áreas funcionais de apoio ao material, apoio ao pessoal e apoio de saúde.
Proteção: conjunto de atividades, tarefas e sistemas interrelacionados, empregados na preservação da Força, permitindo que os comandantes disponham do máximo poder de combate para emprego, e prevenindo e mitigando ameaças às forças e aos meios vitais para as operações.
Operações de Interdição
Operações que visam a aplicação de forças e fogos em profundidade, a fim de impedir que o inimigo concretize o reforço da tropa empenhada com novos meios, de modo a possibilitar sua derrota por partes. Normalmente, destroem forças inimigas, retardam o movimento do adversário, desorganizam sua manobra e impedem o reforço às suas ações principais, contribuindo, significativamente, para o isolamento do Campo de Batalha. Constam, dentre outras, das seguintes ações:
a) Maciço emprego de fogos aéreos e terrestres de longo alcance;
b) Realização de assaltos aeroterrestres e aeromóveis;
c) Emprego de forças de operações especiais para realização de ações diretas contra Centros de Gravidade das forças oponentes e indiretas; e
d) Confecção de barreiras, visando a interditar os movimentos das reservas inimigas e prejudicar os seus sistemas de comando e controle e logístico.
Análise do Centro de Gravidade (CG) da ameaça
Centro de Gravidade (CG) é a fonte de energia que proporciona força física ou moral, liberdade de ação ou vontade de agir. A análise do CG da ameaça permite determinar e avaliar as vulnerabilidades críticas do oponente ou potenciais adversários. Os resultados dessa análise são utilizados no desenvolvimento das ações para explorar as vulnerabilidades identificadas.
No contexto da Operação Treme Cerrado VI foram identificados como CG do oponente:
a) Reserva da Força Terrestre Componente de BRAVO; e
b) Bases e instalações logísticas da Força Terrestre Componente de Bravo.