AUGUSTO HELENO
General reformado e comentarista do Grupo Bandeirantes
A aquisição de 36 caças supersônicos de última geração para substituir a frota atual da Força Aérea Brasileira vem sendo adiada desde 1996, com base em sucessivas desculpas, técnicas, financeiras e políticas.
Acontece que os velhos Mirage e F5, que hoje equipam nossa Força Aérea, modernizados ou não, terminarão seu prazo de vida útil, dentro de 10 a 12 anos. Não substituílos a tempo significa comprometer, seriamente, a defesa do espaço aéreo brasileiro.
Depois de longos estudos de diversas propostas, apenas três empresas seguem na disputa. A decisão, por uma delas, compete ao presidente da República.
O relatório final da FAB considera os três modelos excelentes e compatíveis com suas necessidades de reaparelhamento. Não estabelece preferência entre eles. Especialistas, no entanto, já disseram: que o americano F18 E/F Super-Hornet, da Boeing, ofereceria menor risco, por já ter sido testado em combate, em diversos países; que o sueco Gripen NG, da Saab, é o mais barato e nos daria maior independência, em termos tecnológicos e de manutenção; e que o francês Rafale, da Dassault, teria vantagens de cunho político-estratégico.
Dois aspectos importantes do programa são a participação da indústria nacional e a transferência total de tecnologia, este um aspecto polêmico.
O custo, de 12 a 15 bilhões de reais, gera críticas, diante de outras urgências do país. Entretanto, é inegável que o Brasil necessita de um sistema de defesa compatível com sua relevância estratégica e econômica no cenário mundial.
Possuir aviões de combate que garantam a soberania e a integridade do nosso espaço aéreo, não só nos 8 milhões e 500 mil quilômetros da superfície terrestre, mas também nos céus que dominam nosso mar territorial (e as reservas marítimas de petróleo), é prioridade que se impõe como indiscutível e inadiável.