Tenente Raquel Sigaud
Um tráfego aéreo desconhecido é observado nos radares brasileiros sobrevoando a região amazônica. Um caça A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira intercepta esse tráfego e o acompanha até a fronteira com a Colômbia. A partir daí, as autoridades de defesa aérea colombianas assumem a abordagem e acompanham a aeronave suspeita até a fronteira com o Peru. Nesse momento, a Força Aérea Peruana faz a última interceptação e obriga o piloto a pousar.
Na vida real, dificilmente uma aeronave ilícita circularia por três países, porque o primeiro deles executa as medidas de defesa aérea para deter o tráfego suspeito. No entanto, essa situação hipotética acontecerá durante o treinamento entre Brasil, Colômbia e Peru, no exercício multinacional Amazonas I, de 19 a 23 de junho.
Trata-se de um exercício no qual um alvo simulado atravessa o espaço aéreo dos países participantes e será interceptado por aviões de combate e plataformas de monitoramento. A coordenação entre as três nações é o foco do treinamento, o qual envolverá cerca de 200 militares.
De acordo com o Major Aviador Solano Magalhães de Carvalho Vila Nova, do Comando de Preparo (COMPREP), coordenador da reunião final de preparação ao exercício, “um grupo de militares da FAB acompanhará os voos em tempo real, em Tabatinga (AM), por meio do sistema colombiano de rastreamento por satélite, chamado Hórus”.
Já o Coronel da Força Aérea Peruana Jaime Chavez Vizcarra, que veio ao Brasil para a reunião final de coordenação, a oportunidade é de reforçar a interação entre os três países. “É conveniente manter as fronteiras sempre alertas. As comunicações bilaterais também devem ser constantes”, afirmou.
Para o Comandante da Força Aérea Colombiana, General Carlos Eduardo Bueno Vargas, a Operação Amazonas se resume em um “controle mais eficiente das fronteiras dos três países contra as ameaças comuns do narcotráfico”.
Intercâmbio – O exercício Amazonas I promoverá intercâmbio de militares. Uma dupla de piloto e controlador de tráfego aéreo da FAB acompanhará a atuação do Peru e outra dupla, a da Colômbia. A ideia é conhecer como o sistema de controle de tráfego aéreo dos dois países se comporta, quando uma aeronave suspeita é identificada nos radares e como os pilotos de defesa aérea cumprem as missões.
Em contrapartida, o Brasil receberá de cada país um controlador de tráfego aéreo, para ficarem no Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), em Manaus, e um piloto do Peru que acompanhará o exercício em Tabatinga.
ACISO – Além da parte operacional, os representantes dos três países decidiram promover no período as chamadas Ações Cívico-Sociais (ACISO), que oferecem a populações carentes atendimento médico e odontológico, orientações, palestras, legalizações documentais, entre outras atividades.
Assim, Tabatinga (AM – Brasil), Islandia (Peru) e Leticia (Colômbia) foram as cidades escolhidas para o envio de militares das respectivas Forças Aéreas.
Preparação – As reuniões preparatórias para o exercício Amazonas I começaram na Colômbia, de 6 a 9 de outubro 2015. Repetiram-se no Peru em outubro de 2016 e terminaram no Brasil, em março de 2017, sob a coordenação do Comando de Preparo (COMPREP) e do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE). Aeronaves – A FAB empregará as aeronaves C-98A, SC-105, H-60, A-29 (interceptador), C-105, além de meios de detecção e comunicação.
O destaque vai para o E-99, aeronave da FAB que realizará vigilância e controle aéreo durante o exercício.
A Força Aérea Peruana disporá dos seguintes meios aéreos: A-37 e KT-1P, como interceptadores; C-26B (aeronave chamada “de seguimiento”, que sobrevoa o alvo em preparação à chegada do caça), TC-690B e DHC6/PC-6, que serão o “alvo”; DHC-6-400 e C-27J (transporte) e os seguintes para emprego na busca e salvamento: Bell 212/ Bell 412/ MI-171.
C-26B (aeronave chamada “de seguimiento”, que sobrevoa o alvo em preparação à chegada do caça) da FAP
A Força Aérea da Colômbia usará o SR-560 como alvo, A-29 como interceptador, King-350, C-295, C-212/208 para transporte de pessoal e um UH-60. Em caso de acidente ou incidente aeronáutico, cada país atuará na Busca e Salvamento dentro de seu território.
A-29 da FACo