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BID – Uma revolução na cadeia aeronáutica

Maria Luisa Campos Machado Leal
Diretora de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da ABDI¹


Nesta semana, São José recebe a primeira edição da Aerospace Meetings no Brasil. O evento – realizado em salas de reuniões, longe de holofotes e microfones – leva anualmente gigantes da cadeia aeronáutica global a polos de fornecedores visando estimular novos negócios.

Desta vez, 500 representantes de 250 companhias de cerca de 20 países estarão na capital aeronáutica brasileira para conhecer mais de perto nossa indústria. Não é por acaso que o tradicional evento cruzou pela primeira vez a linha do Equador: movimento diferente está acontecendo entre fornecedores dessa cadeia por aqui e já atrai os olhares do mundo.

As pequenas e médias empresas fornecedoras da cadeia produtiva aeronáutica brasileira têm particularidade que merece ser observada na sua relação com empresa integradora do setor. A despeito de abrigar a Embraer, terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, a cadeia de suprimentos nacional, de pequeno e médio porte, não se inseriu nas redes globais como em outros países: muitas delas não conseguiram diversificar atividades e portfólio de clientes e dependiam quase exclusivamente da fabricante de aviões. Isso limitava seu desenvolvimento.

Há cinco anos, percebendo dificuldades que alguns de seus fornecedores enfrentavam, a Embraer desenvolveu iniciativa para compartilhar suas práticas de gestão e de busca de produtividade com fornecedores da cadeia produtiva nacional. A iniciativa nasceu com o objetivo de fortalecer a cadeia e torná-la mais competitiva.

Para os fornecedores, a melhoria de qualidade e produtividade permitiria não apenas ampliar fornecimento de peças para a Empresa, mas também fornecer para outras indústrias. O sucesso da iniciativa –aumento do número de peças fornecidas e empregos gerados — serviu como inspiração para iniciativa em âmbito nacional: o PDCA (Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica) criado pela ABDI (Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial) para promover sustentabilidade da rede de suprimentos da indústria aeronáutica, por meio de modelo de desenvolvimento e gestão com foco em melhoria de resultados, novos negócios e aumento de produtividade das empresas.

A iniciativa é desenvolvida em parceria com o Cecompi (Centro para Inovação e Competitividade do Cone Leste Paulista) e a Embraer, empresa líder da cadeia. O PDCA atua sobre quatro pilares: atendimento, custos, qualidade e eliminação de desperdícios, aplicando modelos de excelência em qualidade, conceitos kaizen, de célula base, desenvolvimento produtivo e gestão estratégica.

O referencial teórico adotado é do Modelo de Excelência de Gestão da Fundação Nacional de Qualidade, adaptado para o segmento. O programa foi desenhado para que, no médio prazo, mais competitivos e focados em inovação, fornecedores possam competir no mercado global aeronáutico ou de outros segmentos. Afinal, história da própria Embraer mostra que é possível às empresas brasileiras se inserirem nas cadeias internacionais. Para isso, é preciso investir em inovação, mantendo-se a par das tecnologias e recursos mais avançados, aumentar produtividade e reduzir custos.

A realização da Aerospace Meetings no Brasil, com fabricantes e fornecedores de primeira linha, representa uma primeira grande oportunidade para as empresas que desejam se inserir nas cadeias globais, fruto dessa verdadeira revolução silenciosa, que pode elevar nossa indústria aeronáutica a outro patamar.

¹Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

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