Brasília (DF) – Pioneiro no emprego de meios aéreos na América do Sul, o Exército Brasileiro tem superado desafios significativos na otimização do uso de suas aeronaves, especialmente no norte do país.
A região amazônica é particularmente desafiadora para a aviação. Muitas vezes, é necessário pré-posicionar quantidade considerável de combustível, especialmente para saídas de Manaus, pois existem apenas quatro locais com suporte de aeródromo para abastecimento direto. Por isso, é necessário um planejamento meticuloso, considerando as condições de meteorologia, peso da aeronave e necessidade de combustível e de outros insumos. Pontos de decisão no meio da rota também são necessários para garantir a continuidade da missão.
O desafio de voar sobre a Amazônia é, ainda, relacionado à selva densa, com árvores altas e escassez de áreas de pouso regular e de emergência. Frequentemente, é necessário abrir clareiras na mata para acessar os objetivos, ou fazê-lo por meio de lançamento por paraquedas ou por técnicas especiais de infiltração por rapel.
As condições meteorológicas da região amazônica também passam por constantes variações devido ao acúmulo de calor e umidade, resultando na formação de nevoeiros, conhecidos como ‘Aru’, especialmente pela manhã. O fenômeno da evapotranspiração leva à formação de cúmulos e à degradação das condições de voo ao longo do dia, exigindo conhecimento e perícia da equipe de pilotos e mecânicos. Ao contrário de outras regiões do Brasil, onde é possível antecipar com segurança a ocorrência de fenômenos climáticos, na Amazônia, é necessário o monitoramento constante do clima, com precaução e cautela, devido às escassas informações meteorológicas ao longo da rota e nos locais de pouso.
Nessas condições, a capacidade de pousar aeronaves em locais confinados, como clareiras ou campos de futebol em comunidades remotas, é crucial para o transporte de pessoal e de suprimentos. Como muitas pistas de pouso não têm capacidade para receber grandes aviões de carga, o emprego do helicóptero oferece maior flexibilidade, apesar do custo mais elevado.
Defesa das fronteiras e apoio humanitário
Para os pilotos que sobrevoam a Amazônia cumprindo missões de Defesa da Pátria, os Pelotões Especiais de Fronteira oferecem apoio permanente, com foco na previsão de transporte, preparo de tropas e acesso a localidades remotas no interior da floresta e ao longo da fronteira. Conectados por meio do transporte aéreo, esses pelotões atuam não apenas na defesa do território, mas também no apoio a missões de caráter logístico e humanitário, desde a provisão de suprimentos a comunidades isoladas até a colaboração no transporte de urnas para as eleições.
Atualmente, observamos esse esforço no apoio logístico prestado na Terra Indígena Yanomami, com transporte de enfermos e entrega de suprimentos. Para enfrentar a crise humanitária na região, as Forças Armadas lançaram a Operação Catrimani, com uma série de ações coordenadas para entregar 15.000 cestas de alimentos a comunidades indígenas.