Major Oliveira Lima
Para o efetivo recebimento dos novos caças multimissão F-39E Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB) foi preciso uma série de ações. Desde os projetos iniciais, financeiros, até a assinatura do contrato, além do adestramento dos pilotos por meio de aulas teóricas, simuladores de voo e de ejeção, com treinamentos de sobrevivência no mar simulado e em centrífuga, dentre outros.
Em todas as fases, a atuação do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) por meio do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), ambos situados em São José dos Campos (SP), foi imprescindível para o sucesso do projeto.
Em 2021, a primeira aeronave fabricada pela Saab (empresa com sede na Suécia) chegou ao Brasil para início das Campanhas de Ensaios em Voo. Desde então, seguem sendo realizados os voos de teste da aeronave no aeroporto de Gavião Peixoto (SP), no Centro de Ensaios em Voo da Embraer, com participação intensa do DCTA.
Em abril de 2022, mês em que tradicionalmente a FAB celebra as conquistas da Aviação de Caça, as duas primeiras unidades de série brasileiras foram recebidas. Estas aeronaves se encontram em fase final de testes para compor a frota operacional da Força Aérea.
Também com destino a Gavião Peixoto, as aeronaves foram comandadas por dois pilotos do IPEV, Organização Militar responsável por testar os produtos aeronáuticos da Força Aérea e assegurar aderência aos requisitos contratados junto à Saab, inclusive os relacionados à segurança na operação do vetor de combate.
De acordo com o Major Aviador Abdon de Rezende Vasconcelos, um dos pilotos envolvidos no recebimento e testes da aeronave, já foram realizados ensaios tipo Spray de Água (do inglês, Waterspray), quando a aeronave passa por uma pista alagada e água é pulverizada nos motores e é testada a eficiência destes na condição agressiva de uma tempestade, ensaios de sistemas e voos de maturidade, nos quais são verificados a plena operação e os sistemas da aeronave. Além disso, estão previstos mais de 900 voos como o de avaliação operacional, com verificação de requisitos previstos em contrato e mais ensaios de sistemas, quando irão testar o Receptor de Aviso de Radar (RWR, do inglês Radar Warning Receiver), entre outros.
“Todos os dados coletados dos voos de ensaio compõem uma base de informações conjunta utilizada pelo Brasil e pela Suécia para o aprimoramento contínuo do projeto. O envolvimento do IPEV ao longo dos oito anos de desenvolvimento da aeronave e nos testes remanescentes permitirá integração do projeto às Unidades Operacionais da Força Aérea e a utilização do pleno potencial da plataforma com 100% de segurança”, destaca o Diretor do IPEV, Coronel Aviador José Ricardo Silva Scarpari.
Os avanços operacionais da Força Aérea são conquistas que recordam os feitos de Santos-Dumont, o Pai da Aviação e inventor do 14-bis. O histórico Distintivo de Organização Militar do IPEV, utilizado nos macacões de voo dos pilotos e engenheiros de ensaio destaca de forma perene o primeiro voo de ensaio feito por Santos-Dumont.
Antes do dia 23 de outubro, desde o dia 19 de julho de 1906, Santos-Dumont previu, testou e comparou dados para que o sucesso fosse garantido no primeiro voo do mais pesado que o ar.
A atividade do IPEV repete os métodos em cada campanha de ensaios em voo realizada, seja em aviões ou helicópteros, em que homens e mulheres militares da Força Aérea, com criatividade e coragem, chegam antes para prever, testar e comparar, garantindo a operação segura e o sucesso contínuo das aeronaves da Força Aérea Brasileira.
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