MONTREAL/PARIS (Reuters) – A Airbus comprará uma participação majoritária no programa de jatos CSeries da Bombardier, dando um poderoso impulso para a fabricante canadense de aeronaves e trens em sua custosa disputa comercial com a Boeing.
O maior grupo aeroespacial da Europa terá uma fatia de 50,01 por cento no programa sem custo inicial, em troca de apoiar uma aeronave que ganhou fãs por sua eficiência de combustível, mas poucas encomendas recentes devido a dúvidas sobre o futuro.
Enquanto a Bombardier perderá o controle de um programa de aviação desenvolvido a um custo de 6 bilhões de dólares, o acordo propicia melhor economia de escala para o programa CSeries, melhor rede de vendas e, fundamentalmente, pode mudar o equilíbrio de força na disputa comercial com a Boeing.
O Departamento de Comércio dos EUA ameaçou com uma possível sobretaxa de 300 por cento sobre as importações de jatos da CSeries, depois que a Boeing se queixou que a Bombardier recebeu subsídios ilegais e praticou dumping na venda das aeronaves.
O acordo com a Airbus agora permite que os jatos CSeries sejam construídos na fábrica de montagem da Airbus no Alabama, contornando as tarifas nas importações dos EUA.
“A montagem nos Estados Unidos pode resolver o problema (tarifário) porque se torna um produto doméstico”, disse o presidente-executivo da Bombardier, Alain Bellemare, a repórteres na sede da Airbus em Toulouse.
A Bombardier, que não garantiu uma nova ordem em 18 meses para o avião de 110 a 130 assentos, disse que a parceria deve dobrar o valor do programa CSeries.
A Embraer, que compete com a Bombardier no mercado de aeronaves entre 100 e 150 lugares, bem como no mercado de jatos regionais menores, disse que o acordo ressalta as grandes oportunidades no segmento.
Em comentários enviados à Reuters, a empresa disse que vai continuar empenhada em manter a liderança no mercado de aeronaves com capacidade de 100 a 150 passageiros, e continuará lutando contra os subsídios à empresa canadense.
As ações da Embraer operavam em forte queda nesta terça-feira na bolsa paulista, com recuo superior a 3,5 por cento.
A Boeing, que está em uma disputa comercial de 13 anos com a Airbus, aparentemente foi pega de surpresa pelo acordo. A empresa norte-americana classificou o acordo como um “negócio questionável” entre seus dois concorrentes que recebem subsídios.
Tom Enders, Ceo Airbus Group, e A. Bellemare, CEO e Presidente Bombardier em Toulouse na manhã de 17Out2017.
Acordo com Airbus pode anular disputa entre Bombardier e Boeing, dizem analistas
(Reuters) – O acordo da Bombardier com a Airbus resolve uma série de problemas para o fabricante canadense de aviões e trens, principalmente fazendo com que as queixas da Boeing contra a empresa sejam efetivamente sanadas, disseram analistas nesta terça-feira.
A Bombardier disse na última segunda-feira que venderá uma participação majoritária em seu programa de aviões CSeries para a Airbus, à medida que busca uma maneira de evitar taxação dos Estados Unidos trazida por uma disputa comercial travada com a Boeing.
Os CSeries não conseguem uma nova encomenda há 18 meses e enfrentam possibilidade de serem sobretaxados em 300 por cento nos EUA, depois que a Boeing acusou o Canadá de conceder subsídios injustos ao avião da Bombardier.
O acordo entre Bombardier e Airbus permitirá que os CSeries sejam montados na fábrica da Airbus em Alabama, o que potencialmente contornará as tarifas de importação dos EUA.
“A Bombardier deve desfrutar de maiores vendas e custos mais baixos do que teria conseguido sozinha”, disse o Credit Suisse.
Diante do acordo, as ações da Embraer tinham a maior queda do Ibovespa nesta terça-feira, com analistas vendo a operação como desfavorável para o grupo brasileiro, um dos principais rivais da Bombardier.
A empresa canadense, que está no meio de um plano de recuperação de cinco anos depois de enfrentar uma crise de caixa em 2015, disse que a parceria da Airbus deve dobrar o valor do programa CSeries.
Para a Airbus, a compra da problemática linha de aviões permite que a empresa melhore suas cadeias de fornecimento, o que, por sua vez, ajudará a economizar custos de produção, disseram analistas.
“O CSeries representa um produto complementar à oferta de aeronaves de corredor único da empresa (Airbus), reduz a ameaça competitiva de um novo operador e permite que alavanque sua infra-estrutura de vendas, marketing e suporte”, disse o analista da BMO Capital, Fadi Chamou