Ten Jussara Peccini
O Comando da Aeronáutica (COMAER) está realizando palestras para militares envolvidos na defesa e na segurança das suas unidades em todo o País para difundir informações contra ameaças terroristas. O objetivo é sensibilizar, principalmente, as equipes de serviço para atitudes e materiais suspeitos próximos às organizações militares da Aeronáutica.
O esforço do COMAER faz parte do plano conjunto do Ministério da Defesa para alertar forças de segurança e representantes da sociedade sobre possíveis ameaças relacionadas a ações terroristas durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
No cronograma de ações, oficiais dos Batalhões de Infantaria de todas as regiões do Brasil participaram de cursos e tornaram-se difusores de informações nas suas áreas de atuação, especialmente no Rio de Janeiro e nas cidades que sediarão as partidas de futebol. Normas de segurança e protocolos de resposta também foram atualizados considerando as novas orientações.
De acordo com o Coronel Marcelo de Oliveira, da Subchefia de Segurança e Defesa do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), a meta é fazer as informações chegarem a cem por cento do efetivo. “Todos devem ter a preocupação e a mentalidade de segurança”, avalia. “Isso vai trazer um ganho de conhecimento e também uma mudança de paradigma sobre o assunto”, explica.
Na cidade-sede dos jogos, as palestras serão realizadas ao longo deste mês. Comandantes, chefes, oficiais de segurança e de defesa de organizações militares, além de oficiais dos postos de capitão e tenente participarão e serão multiplicadores em cada unidade. De acordo com o Chefe da Seção de Planejamento e Doutrina do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), Capitão José Ramalho Melo da Silva, as equipes de ação e reação também terão treinamentos práticos. "Estamos trabalhando desde o desenvolvimento de uma nova mentalidade até a preparação das equipes de serviço", resume sobre o envolvimento do efetivo.
Capital federal – Mais de 500 militares, entre oficiais e sargentos que atuam nas equipes de serviço, participaram das palestras quarta e quinta-feira (06 e 07/04), em Brasília (DF). De acordo com Capitão Ewerton Ricardo Rodrigues, responsável por coordenar as ações de difusão e disseminação dessas informações no âmbito do Sexto Comando Aéreo Regional (COMAR VI), o maior problema para sensibilizar sobre ameaças terroristas é o aspecto cultural brasileiro que não acredita que possa acontecer aqui. “Está próximo e, às vezes, a gente não sabe”, ressalta.
O Brasil não tem casos de repercussão que tenham sensibilizado a população sobre esse assunto. O ponto positivo, porém, é o de maior desafio para sensibilizar os profissionais antes que uma situação ocorra. Os jogos olímpicos têm na sua história casos de atentados, como ocorreu em Munique, na Alemanha, em 1972, e em Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996.
A sigla T.E.M. (Típico, Escondido e Material) resume o que deve guiar a percepção contra ameaças terroristas. “Uma panela de pressão é típica para a entrada de um prédio? Ela está escondida, camuflada? É suspeito? Há fios, acionadores, baterias?”, exemplifica o Capitão Ricardo sobre situações que devem ser observadas.
Qualquer militar pode e deve ajudar a ser um elo importante. Ao avistar atitude ou material suspeito a equipe de serviço da unidade deve ser imediatamente avisada. “É importante não mexer”, destaca o oficial. A equipe de serviço fará averiguação e, de acordo com os protocolos, vai acionar a equipe especializada e a cadeia de comando, levando em consideração as orientações e normas locais. “Pode ser necessário isolar o local e evacuar a área”, detalha.
O capitão também alerta para a necessidade de cada organização militar manter suas normas e protocolos atualizados e todos informados, pois a cadeia de acionamento é diferente para cada localidade. “Em cada lugar é diferente”, avisa.
Manaus – Na área do Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR), o Batalhão de Infantaria de Aeronáutica Especial de Manaus (BINFAE-MN) enviou um oficial, o Tenente de Infantaria Marvio Ribeiro Ramos, para Brasília (DF) para participar do curso de Percepções Terroristas. Após a conclusão da capacitação e o retorno do militar, a transmissão de conhecimentos é realizada de duas formas. Na primeira, já concluída, militares do efetivo do BINFAE-MN tiveram aulas e instruções sobre o tema. Na segunda, representantes das demais organizações da área do VII COMAR, inclusive das Bases Aéreas de Boa Vista e de Porto Velho, vão receber o treinamento.
O conhecimento será aplicado nos Jogos Olímpicos 2016, uma vez que a capital amazonense receberá partidas de futebol. Assim como na Copa do Mundo de 2014, o Aeroporto Militar de Ponta Pelada, localizado na Zona Sul de Manaus, será alternativa para recepção de delegações e de autoridades, caso haja impossibilidade no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.
De acordo com o Tenente Ramos, o BINFAE-MN vai trabalhar na segurança dos aeroportos. “Vamos prover a segurança e, para manter efetivo nos aeroportos, temos que ter pessoas que percebam as ameaças, como objetos, pessoas e carros suspeitos, desde o soldado ao oficial de maior posto”, disse.
O curso de Percepções Terroristas capacita a Força Aérea na região para gerenciar crises que possam surgir durante as Olimpíadas. “Cria a conscientização para que sejam desenvolvidos protocolos para gerenciar crises, definindo papéis bem claros para solucionar problemas durante os jogos e comunicar as autoridades responsáveis”, conclui.
* Colaborou Ten Lorena Molter, VII COMAR.