Search
Close this search box.

A Melhor Aeronave da FAB será de Transporte

por Vianney Junior
Analista de Defesa e Aeroespaço /
Editor-chefe de Avaliação de Aeronaves

Decolou pela primeira vez das instalações da Embraer em Gavião Peixoto, interior de São Paulo, o KC-390. O gigante (maior avião já projetado no Brasil) partiu de prancheta como uma solução adequada às novas demandas, equilibrando bem o risco-retorno sempre envolvido em uma nova aeronave.

Ao combinar tecnologias de última geração, porém com confiabilidade já comprovada, em perfeita consonância à “expectatibilidade” de mercado vigente, eleva consideravelmente suas chances de atingir o sucesso comercial ao longo das próximas duas décadas.

Desenvolvido e fabricado pela Embraer Defesa e Segurança (EDS) a partir de requesitos da Força Aérea Brasileira, que além de proprietária intelectual do projeto, investiu R$ 4,9 bilhões no seu desenvolvimento.

O KC-390 será "a espinha dorsal da aviação de transporte da Força Aérea Brasileira da Amazônia à Antártica e terá um papel fundamental para os mais diversos projetos do Estado brasileiro, da pesquisa científica à manutenção da soberania”, nas palavras do próprio novo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato.

O evento marcante do primeiro voo foi assistido com entusiasmo pelo presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, pelo presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, pelo responsável direto pela direção do projeto, Engenheiro Paulo Gastão, e pelo homem que teve papel decisivo na conquista desse salto histórico, o ex-Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, além de diversas autoridades do Alto Comando da Força Aérea.

O potencial para o lançamento do KC-390 emergiu de um profundo estudo de mercado realizado pela própria Embraer, que identificou uma grande oportunidade para ocupar um nicho que abrange aproximadamente 700 aviões militares de transporte da classe de 20 toneladas de carga útil.

O líder deste segmento na atualidade é o sexagenário Lockheed C-130 Hercules. Operado por mais de 70 países, representa hoje uma frota de aproximadamente 2.400 unidades, cuja maior parcela encontra-se em avançado processo de envelhecimento.

O KC-390 foi projetado não só para substituir, mas para abraçar mais outras missões, fruto de seu conceito "DNÁtico" de flexibilidade. Capaz de operar em pistas não pavimentadas ou rústicas, sob condições climáticas adversas extremas, transportar cargas úteis de até 26 toneladas e apto à reabastecer outras aeronaves no ar, o novo gigante da Embraer se metamorfa rapidamente, adequando-se às mais diferentes missões.

Pode ser configurado para SAR, MEDEVAC, combate à incêndio e mesmo para operações especiais. Tudo a gosto do cliente.

O compartimento de carga do KC-390 tem 18,50 metros de comprimento, um pouco maior que uma quadra de vôlei. A largura é de 3,45 metros e a altura é de 2,95 metros. O espaço é suficiente para acomodar viaturas blindadas, peças de artilharia, armamentos e até aeronaves semidesmontadas.

Também poderão ser levados 80 soldados em uma configuração de transporte de tropa, 66 paraquedistas, 74 macas mais uma equipe médica na configuração MEDEVAC, ou ainda contêineres militares. Aliás, para cargas a serem colocadas no teatro de operações por meio de paraquedas, conta com um moderno computador para cálculo do ponto ótimo de lançamento. A

velocidade máxima da nova aeronave alcança os 870 Km/h e sua autonomia sem reabastecimento chega a mais de 2.500 Km.

O KC-390 leva vantagem mesmo sobre qualquer upgrade que possa ser aplicado ao seu concorrente direto o C-130 Hércules, uma vez que incorpora as mais modernas tecnologias para esta categoria de aeronaves, a partir de seu projeto original, e com um desempenho aerodinâmico superior, baseado em um design dos mais modernos, diferentemente de qualquer atualização que possa ser aplicada aos C-130, um projeto originado na década de 40.

A FAB que opera o C-130 desde a década de 60 até hoje, já transformou sua carta de intenção de compra em encomenda firme de 28 unidades, sem contar com os dois protótipos já em testes nas instalações de Gavião Peixoto. Argentina, Colômbia, Chile, Portugal e República Tcheca somam intenções de compra de 32 unidades.

Se concretizadas as estimativas da empresa brasileira, o KC-390 atingirá a marca de mais de cem unidades produzidas na primeira década, a maioria para substituir os C-130 Hércules.

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter