Gabriel Santiago – Cap Instrutor do CI Bld
Ádamo Luiz Colombo da Silveira – Cel Comandante do CI Bld
O Curso de Comandante de Unidade de Infantaria Blindada na Alemanha tem duração de 9 meses e é composto de 2 fases.
Na primeira fase, como não é necessário ser habilitado no idioma Alemão para ser designado para esta missão, os militares brasileiros permanecem 6 meses no Bundessprachenamt – Escola de Idiomas das Forças Armadas Alemãs localizada na cidade de Hürth – estudando o idioma, devendo, nesses 6 meses, alcançar um Índice de Proficiência Linguística (IPL) 2221.
A segunda fase do curso tem duração de 3 meses e é desenvolvida nos corpos de tropa do Exército Alemão. Conforme a Arma, Quadro ou Serviço do militar brasileiro, ele será designado para uma das diversas unidades existentes no território alemão.
No meu caso, a experiência teve lugar no Panzergrenadierbataillon 92, sediado em Munster (Örtze), pequena cidade localizada no norte da Alemanha, cerca de 70Km ao sul de Hamburgo.
A oportunidade de se aprender um novo idioma dentro do país já é suficiente para que a missão seja de grande valia. Aliado a esse novo conhecimento adquirido, poder permanecer cerca de 3 meses inserido em um Batalhão Alemão, faz com que essa missão seja marcante na carreira do militar.
No Bundessprachenamt estudam militares de mais de 50 países. Desde nossos vizinhos argentinos até militares da Malásia, passando por grande número de países africanos e da região dos Balcãs se fazem presentes em Hürth, com militares cursando o idioma Alemão.
Em conversa com os inúmeros professores civis daquela Escola (só havia 1 professor militar dentre os mais de 20 existentes), a admiração para com os brasileiros era constante. Isso se dava devido, principalmente, ao bom desempenho dos militares que por lá passaram.
Naquela oportunidade, pode-se constatar que os atributos flexibilidade, dedicação, autoaperfeiçoamento e sociabilidade se destacam nos brasileiros. Por vezes, os militares do Exército Brasileiro atingem um IPL acima do exigido pelas Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr).
Durante a segunda fase da missão, não há um Curso específico de Comandante de Unidade Blindada a ser feito, ao invés disso, fui designado para um Batalhão Alemão e lá permaneci junto a um Comandante de Subunidade acompanhando as atividades do dia a dia daquela tropa.
Ao chegar no Panzergrenadierbataillon 92, fui designado, inicialmente, para permanecer na 5a Companhia (Cia). Essa Cia é a responsável pela formação dos recrutas que, após 3 meses, foram distribuídos pelo Exército Alemão, não permanecendo necessariamente, naquele Batalhão.
Nessa oportunidade pude constatar que a formação básica do soldado visa, assim como no Brasil, instruir o recém chegado cidadão nas habilidades básicas do combatente.
Durante o “Período Básico” alemão, o soldado aprende a se camuflar, a atirar com seu fuzil G36 e com a pistola P8, a se orientar, a ocupar um posto de vigilância / posto de escuta (PV/PE), dentre outras atividades.
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Soldados da Infantaria Blindada Batalhão de Treinamento com IdZ-ES durante uma demonstração de ensino (Foto: Bundeswehr/Daniel Hartung) |
Após os 3 meses de período básico, o soldado é designado para uma Subunidade (SU) e lá será inserido na sua fração (pelotão). Durante o período que permaneci junto a 3ª Companhia de Infantaria Blindada, pude acompanhar diversas instruções focadas em instruir o novo militar a adquirir as habilidades necessárias de um combatente blindado.
Pude observar as primeiras instruções de marcha motorizada, ocupação de posição em floresta com a preocupação de dissimular a localização do carro, dentre outras.
A formação dos operadores e motoristas das Viaturas Blindadas é feita na Escola de Blindados Alemã, logo não tive contato com esse tipo de atividade no Panzergrenadierbataillon 92. Junto à 3ª Companhia pude perceber que a qualificação/adestramento da tropa é constante.
Os exercícios de tiro são executados em sua plenitude e as instruções são planejadas de forma que a guarnição atinja sua certificação ao final.
A experiência vivida com os militares alemães foi de grande valia pois pude perceber que a formação dos nossos militares, por mais que tenhamos algumas diferenças, não deixa a desejar quando comparada com a da Bundeswehr.
O militar Alemão permanece na tropa Blindada por toda a carreira, diferente do militar brasileiro que pode servir em tropas de diversas naturezas. Apesar de não possuirmos o material mais moderno que existe atualmente, a formação do nosso militar permite que o valor humano de nossa tropa fique bastante evidenciado perante os demais exércitos. O militar brasileiro possui atributos que o distinguem e evidenciam o valor da tropa de Caxias.
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A guarnição de nove membros do veículo de combate de infantaria (IFV) Puma – Infanterist der Zukunft – Erweitertes System (IdZ – ES) ausgerüstet (Foto: Bundeswehr/Daniel Hartung) |