WASHINGTON – A Boeing entregou à Comissão de Transportes do Congresso americano novos documentos que "parecem mostrar um retrato muito preocupante" da resposta da companhia aeronáutica para os problemas de segurança de seu modelo 737 MAX, declarou um conselheiro do Congresso na terça-feira (24DEZ2019).
A empresa enviou os documentos "tarde da noite de segunda-feira", horas depois de ter anunciado a demissão imediata de seu diretor executivo, Dennis Muilenburg, informou um assistente da comissão que investiga o 737 MAX.
Nota DefesaNet – Um ponto não discutido na imprensa é o impacto global da "Crise 737MAX". A BOEING adotou o sistema de Logística mundial da EMBRAER que tiha sido aperfeiçoado no desenvolvimento dos ERJ145 e a família EMB170/190, no B787 Dreamliner e agora B737MAX.
Este modelo está suspenso de voar desde 13 de março, após protagonizar dois acidentes que deixaram 346 mortos num intervalo de cinco meses.
Pelo menos alguns dos documentos foram escritos pelo mesmo piloto da Boeing cujas mensagens foram divulgadas em outubro de 2016 e se se tornaram objeto de questionamentos pelos legisladores, de acordo com uma pessoa familiarizada com o conteúdo..
O assistente não especificou, porém, se os papéis tratam da situação antes ou depois das tragédias da Lion Air e da Ethiopian Airlines, ocorridas no final de outubro de 2018 e em 10 de março deste ano, respectivamente.
Segundo a mesma fonte, a própria Boeing decidiu entregar os documentos, cujo conteúdo exato não foi revelado.
— O pessoal continua examinando esses documentos, mas, assim como com outros informes divulgados pela Boeing anteriormente, eles parecem mostrar uma imagem muito preocupante em relação a dois dos temores manifestados pelos funcionários da Boeing: sobre o compromisso da empresa com a segurança e sobre os esforços de alguns funcionários para garantir que os projetos de produção da Boeing não fossem prejudicados pelos reguladores, ou por terceiros — disse a fonte.
As diferentes investigações feitas pelas autoridades da aviação na Indonésia, onde caiu a aeronave da Lion Air, ou na Etiópia, local do acidente da Ethiopian Airlines, apontaram falhas no sistema de estabilização MCAS do 737 MAX como as causas das tragédias.
A Boeing enviou os documentos o Congresso "como parte de nosso compromisso com a transparência com nossos reguladores e comissões de supervisão", informou a empresa em comunicado.
"Como nos documentos anteriores mencionados pelo comitê, o tom e o conteúdo de algumas dessas comunicações não refletem a empresa que somos e precisamos ser", afirmou a empresa. A Boeing fez mudanças para melhorar a segurança, acrescentou.
Demissão em meio à crise
Dennis Muilenburg foi demitido do cargo de presidente-executivo da Boeing esta semana após um ano da intensa crise e do revés industrial desencadeados pelos dois acidentes fatais envolvendo o 737 MAX A saída ocorreu enquanto a maior fabricante de aviões do mundo luta para conseguir recuperar a confiança de passageiros e companhias aéreas.
“O conselho da diretoria decidiu que era necessária uma mudança de liderança para restaurar a confiança na empresa, à medida que trabalha para reparar relacionamentos com reguladores, clientes e todas as outras partes interessadas”, informou a empresa, em nota.
Muilenburg será substituído por David Calhoun, presidente do conselho de administração. Ele vai assumir a nova função a partir de 13 de janeiro.
Especulações em torno da demissão de Muilenburg circulavam na indústria há meses, intensificando-se em outubro, quando foi afastado do cargo pelo conselho.