A 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada comemorou, no dia 21 de fevereiro de 2015, o 93º aniversário de sua criação e o 70 Anos da Tomada de Monte Castelo, pela Força Expedicionária Brasileira, durante a 2ª Guerra Mundial, na Itália.
Monte Castelo, uma vitória estratégica¹
Para o chefe da Seção de Memória da Escola Superior de Guerra, major Gilberto de Souza Vianna, “a Tomada de Monte Castelo foi a prova da eficácia da FEB nos campos de batalha da Itália na II Guerra Mundial”. O historiador afirmou, também, que o episódio foi estratégico para a sequência da campanha dos aliados e derrota dos nazistas. “Nós, sozinhos, tomamos a região. Foi um marco de valor”, disse.
Paraquedista da Arma de Infantaria, o coronel Nestor orgulha-se de ter, junto com seus amigos, vencido “um dos maiores soldados do mundo que é o alemão”. Outro ex-febiano, o tenente-coronel Vannutelli, da arma de Artilharia, contou que a preparação para ir para o combate mundial foi “corrida, difícil e ligeira”. Mesmo assim, “a Força Expedicionária cumpriu sua missão”, sentenciou o artilheiro.
Quem conversa com o coronel Nestor da Silva não acredita que aos 97 anos, sua memória possa ser tão rica em detalhes. Entre muitas perguntas e admiração dos presentes no evento de hoje, ele citou curiosidades da árdua tarefa realizada em terras estrangeiras.
“Fiquei 52 dias sem tomar banho, porque não tinha nem como”, confidenciou. “O que mais estranhamos foi o clima, eram 20 graus abaixo de zero. Muito frio. Recebemos fardamento dos americanos e usávamos três roupas, uma por cima da outra.” E completou: “Naquela época eu tinha uns 20 e poucos anos.
Fazia parte do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, de São João del-Rei (MG). Quando voltei para o Brasil, me casei com uma menina que conheci em São João. Estou com ela até hoje e ela tem 81 anos”.
Sobre a preparação recebida, Nestor detalhou que houve treinamento antes do embarque. Depois, quando chegaram à cidade de Pisa receberam armamento e farda. Após isso, em solo italiano, “foram 15 dias em atividades intensas” até partir para o front. Durante o período que permaneceu na II Guerra, o coronel contabilizou que “mais de 400 soldados brasileiros perderam a vida”.
Homenagem da Defesa
O Ministério da Defesa (MD), também comemorou os 70 anos da conquista de Monte Castelo, a primeira vitória da FEB na II Guerra Mundial.
O chefe da CAE, general Menandro Garcia de Freitas, destacou a importância da sociedade recordar os feitos heroicos destes homens e mulheres. "Comemorar a história de um país é parte insubstituível na formação cultural e para que seus cidadãos tenham orgulho daqueles que legaram este território continental que nós temos hoje", afirmou.
Menandro também lembrou o ceticismo que dominava o país à época: “diziam que era mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil participar da guerra na Europa". Compondo o IV Corpo do Exército dos Estados Unidos, sob o comando do general Willis D. Crittenberger, a FEB tomou o Monte em 21 de fevereiro de 1945, tornando possível a vitória dos aliados. No total, 20,4 mil alemães foram capturados pelas tropas brasileiras.
O general Menandro fez questão de ressaltar as peculiaridades da Força Expedicionária, principalmente, o tratamento digno aos oponentes. Outra característica da tropa brasileira era o respeito à população local e à dignidade humana.
Segundo ele, os pracinhas possuíam a Cartilha do Expedicionário, que norteava o comportamento da tropa. "Essa atitude é uma marca, até os dias atuais, da cooperação brasileira em missões internacionais de paz”. Conforme o general Menandro, a participação na Segunda Guerra deixou um legado importante ao país, entre eles, a valorização estratégica da região Nordeste do país, a aplicação de uma doutrina militar nacional, a renovação da mentalidade industrial e a projeção internacional, já que o Brasil foi o único país da América Latina a compor uma força militar contra o nazismo e o fascismo.
Curiosidades
– Na época, muitos críticos duvidaram da capacidade brasileira em enviar homens para o fronte da batalha. Por conta disso, alguns diziam que era mais fácil uma cobra fumar do que isso acontecer. Até hoje o símbolo da Força Expedicionária é uma cobra fumando cachimbo.
– Os restos mortais dos brasileiros foram inicialmente enterrados na cidade italiana de Pistoia. Somente em 1960 é que foram transladados ao Brasil, onde permanecem no Monumento Nacional dos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
– A FEB foi a única tropa a pisar na Europa com militares de todas as raças: negros, índios, pardos e brancos.
– A Força Aérea Brasileira (FAB) esteve presente na II Guerra Mundial pelo 1º Grupo de Aviação de Caça comandado pelo tenente-coronel aviador Nero Moura. O grupo foi criado em 1943 e organizado e preparado nas bases americanas, no Canal do Panamá e nos Estados Unidos.
Desembarcou em Nápoles no dia 6 de outubro de 1944. Na Itália, incorporou-se ao 350º Grupo de Caça americano pertencente a 62ª Brigada de Caça do XXII Comando Aerotático da Força Aérea do Mediterrâneo.
¹com Assessoria de Comunicação Ministério da Defesa
Leia também: CMS homenageia vetereno da FEB
– O Museu Militar do CMS foi palco de uma entrevista concedida pelo Major Rubem Barbosa, Veterano da Força Expedicionária Brasileira, a um grupo de jornalistas, no dia 19 de fevereiro. (Link)