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Rodrigo Lopes lança o primeiro livro brasileiro sobre a atual guerra na Ucrânia

 

Um trem às escuras pelo interior de uma Ucrânia em confronto, uma madrugada junto a uma multidão de refugiados em uma estação que pode ser bombardeada a qualquer momento, histórias de indivíduos dragados pela guerra.


Trem para Ucrânia, lançado pela BesouroBox, é um testemunho devastador do fracasso da humanidade no século XXI. Com seu olhar empático, sensível e analítico, Rodrigo Lopes não apenas descreve o cenário, mas o contextualiza para o leitor brasileiro. Cada capítulo é uma parada na notável jornada do repórter, que deixa o seu mundo particular para se embrenhar pelos desafios de uma guerra e relatar o drama de quem foge dela. Para além da visão humana, fundamental, Trem para Ucrânia, torna-se um livro extremamente necessário para o entendimento do conflito no Leste Europeu ontem, hoje e amanhã. Ao longo de vários dias, o escritor mobilizou resistência física, coragem e toda a sua reserva de qualidades como correspondente de guerra dos tempos modernos para construir um retrato do confronto que começa a redesenhar a balança de poder na Europa.


"Quando Vladimir Putin ordenou que suas tropas invadissem a Ucrânia, o Rodrigo já estava a postos para realizar essa cobertura. Trouxe histórias de vítimas desse conflito, mas sempre dando também todo o contexto geopolítico. Tenho certeza de que vocês irão gostar desse livro como eu gostei." Prefácio de Guga Chacra — comentarista da GloboNews, jornalista e escritor.


Sobre o autor:Rodrigo Lopes é jornalista internacional, com mais de 30 coberturas pelo mundo como enespecial a zonas de guerras e catástrofes naturais. Cobriu conflitos no Iraque, em Israel, no Líbano e na Líbia, além de tragédias como os terremotos no Peru e no Haiti, crises na América Latina e eleições nos Estados Unidos. Em 2019, foi retido pelo regime de Nicolás Maduro na Venezuela, episódio que deflagrou uma onda de repúdio nacional e

internacional devido à violação dos direitos de imprensa e expressão.

É autor do livro Guerras e Tormentas, também lançado pela BesouroBox,finalista do Prêmio Jabuti em 2012. Entre diversos reconhecimentos nacionais e internacionais, foi laureado com o Prêmio Rey de España de Periodismo, em 2003, pela cobertura da crise argentina. O autor mora em Porto Alegre e é colunista de assuntos internacionais do Grupo RBS

Serviço

O livro "Trem para Ucrânia", de Rodrigo Lopes, terá seu lançamento nesta sexta-feira.

O evento será no Foyer Nobre do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, a partir das 19h.

 

Praça Mal. Deodoro, S/N – Centro Histórico, Porto Alegre.

Venda do livro no local e antecipada pelo site, link abaixo  possibilidade de retirada no evento

https://besourobox.com.br/trem-ucrania-903

Estacionamento do teatro na rua Riachuelo, 1089 com valor fixo de R$15,00

 

Introdução Primeiro Capítulo

Trem para Ucrânia

As luzes do vagão se apagam. Estou dentro do território ucraniano, a bordo de um trem antigo da companhia estatal Ukrzaliznytsia, com paredes de madeira e que estala todo ao avançar, alternando períodos de baixa velocidade com paradas bruscas. Anda, para, retoma a viagem e a interrompe de novo, como se tateasse o perigo à frente.

Estou hipervigilante. Busco identificar cada ruído do atrito das rodas com os carris de aço dos trilhos. O apagar das luzes silenciou as conversas ao redor. Meus companheiros de viagem, até então capazes de desprender um sorriso ou de trocar algumas palavras com desconhecidos vizinhos de poltrona, agora, estão apreensivos. Posso sentir suas respirações, enquanto reflito sobre quem, além de jornalistas, soldados e trabalhadores voluntários, teria a insensatez de embarcar neste trem.

 

É 2 de março de 2022. Estamos no sétimo dia de guerra. Sou informado por um passageiro que apagar as luzes do trem que saiu da Ucrânia abarrotado de refugiados — e retorna agora trazendo poucos viajantes — é uma estratégia para evitar chamar a atenção da aviação russa. Acredito que Vladimir Putin, em seu afã de redesenhar o mapa da Ucrânia na base do canhão, poupará, ao menos, os civis.

Um ataque ali, tão perto da fronteira com a Polônia, país integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), dragaria a aliança militar para o conflito. Teríamos a III Guerra Mundial.

Não, Putin não faria isso.

Mas é melhor não arriscar. O trem entre Przemy?l, na Polônia, e Lviv, na Ucrânia, avança no escuro, aos trancos e barrancos. Quarenta e quatro pessoas viajam no penúltimo vagão, onde estou. A maioria, homens. Poucas mulheres.

Nenhuma criança.

Três horas é tempo suficiente para sentir todos os me dos, passar a vida a limpo, pensar na morte e tentar afastar fantasmas: prevejo uma bomba que cairá à frente, destruindo os trilhos; um míssil disparado contra o trem, que, rapidamente, se tornará uma bola de fogo; milícias invadindo os vagões e sequestrando passageiros; ou, do lado de fora, uma saraivada de tiros de fuzil estilhaçando os vidros das janelas e nos matando um a um.

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