EDGAR C. OTÁLVORA
@ecotalvora
A OEA não responde mais aos interesses e caprichos do eixo Castrista. Na quarta-feira, 18 de julho, houve uma sessão do Conselho Permanente da OEA, na qual o regime de Daniel Ortega (Nicarágua) obteve apenas três votos a seu favor, um deles seu.
A sessão extraordinária havia sido solicitada pelos representantes da Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, os EUA e o Peru, a que se juntou o Brasil, para considerar a situação na Nicarágua, onde o número de mortos já ultrapassou a marca de três centenas desde o início dos protestos populares em 18ABR18. Foi a terceira sessão do Conselho Permanente da OEA, em menos de uma semana, na qual a crise da Nicarágua foi discutida.
Desde há uma semana antes, os países proponentes tinham trabalhado para chegar a um consenso sobre um texto e procurar obter 18 votos mínimos para condenar "os atos de violência, repressão, violações e abusos dos direitos humanos, incluindo os cometidos pela polícia, grupos para-policiais e outros atores contra o povo da Nicarágua.
"O projeto de resolução deveria incluir uma chamada para a realização de eleições antecipadas na Nicarágua, para possibilitar a saída do regime de Daniel Ortega, que foi constituída sob a fórmula de "instar o governo da Nicarágua" para "apoiar um calendário eleitora no contexto do processo de Diálogo Nacional".
A resolução foi aprovada com 21 votos dos governos da: Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lúcia, Uruguai, Antígua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Brasil, Canadá e Chile.
A lista mostra que o governo esquerdista do Uruguai optou por não acompanhar a ditadura nicaraguense. O governo do equatoriano Lenin Moreno marcou na OEA sua ruptura com o eixo castrista. Contra a resolução apenas os enviados da Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela. O governo de esquerda de El Salvador, cujo presidente Salvador Sanchez Ceren, que preparava-se para viajar à Havana, ordenou a seu representante para abster-se na votação, incluindo o Suriname, que é muito próximo do regime de Nicolas Maduro também optou por se abster.
Na mesma reunião, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada submetido à consideração um projeto de resolução no qual expressa que a Nicarágua seria "evidenciar um plano terrorista executado com a intenção de dar um golpe de Estado". O enviado de Ortega queria que a OEA "condenasse" os "grupos golpistas de oposição" que atuariam "em conluio com grupos internacionais de crime organizado e terrorismo". O projeto de resolução do governo Ortega só foi votado favoravelmente pelos enviados da Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela. A derrota do eixo castrista na OEA foi estrondosa.
Durante a reunião, o representante da Bolívia, Embaixador Diego Pary e um funcionário do governo venezuelano atuando como um representante suplente, usado obstrucionismo bruto tentaram impedir a aprovação da resolução que condenava o governo da Nicarágua. Pary apresentou uma série de "emendas" à resolução que já tinham o consenso para aprovação. O enviado de Evo Morales propôs a ‘limpeza” do projeto de resolução de qualquer menção que pudesse afetar a imagem do governo de Daniel Ortega.
Em vista da iminente derrota na votação, a delegação boliviana abandonou a sessão e retirou suas propostas. A ausência de Pary da sala significava que nem mesmo a Bolívia votou a favor do governo de Daniel Ortega.
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O principal jornal do governo cubano, Granma, dedicou sua capa, 19JUL18, uma fotografia que mostra Raul Castro e Nicolas Maduro no momento em que o cubano despede-se do visitante, no aeroporto de Havana, que no dia anterior tinha retornado à Caracas. A capa mostra Raúl Castro, que é oficialmente apenas o primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, na verdade, continua sendo o número um do sistema político cubano. Outra fotografia, tirada 15JUL18, no Palácio da Revolução, mostra Dilma Rousseff sentada falando com Raul Castro, enquanto cadeiras secundárias permaneceram Presidente Miguel Diaz-Canel e o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez. A cena da foto montada para atender a convidada brasileira não deixou dúvidas sobre a posição que cada um ocupa na hierarquia cubana.
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Maduro, juntamente com Evo Morales, o presidente salvadorenho Salvador Sanchez, concentrou-se em Havana para dar peso político à reunião anual realizada pelo Foro de São Paulo, entre 15-17JUL2018. O evento serviu como uma concentração de figuras proeminentes e celebridades da esquerda continental, como a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, parentes de Hugo Chávez, uma delegação do PT brasileiro liderado por Gleisi Hoffmann, Colômbia com Piedad Córdoba, do espanhol Ignacio Ramonet, ministros chavistas, dezenas de "intelectuais" associados com a rede de propaganda Castro-chavista. O Foro de São Paulo, foi fundado por Fidel Castro e Lula da Silva, em 1990, na cidade de São Paulo.
Dilma e @gleisi agradecem a solidariedade internacional a @LulaOficial dada por militantes sociais de todo o mundo no #ForodeSaoPaulo, reunidos em Havana, Cuba.
— Dilma Rousseff (@dilmabr) 15 de julho de 2018
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A perda de espaço e poder da esquerda na América Latina foi o tema central do encontro em Havana. De acordo com os teóricos do Foro de São Paulo “a América Latina e o Caribe sofrem os efeitos de uma ofensiva multifacetada reacionária, conservadora e restauradora neoliberal", que "conseguiu empurrar para trás as forças de esquerda e progressistas, por derrubar governos, golpes parlamentares e judiciais ". processos judiciais, alguns deles para a corrupção, contra Manuel Zelaya (Honduras), Fernando Lugo (Paraguai), Dilma Rousseff e Lula da Silva (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e Rafael Correa (Equador) são interpretados pela esquerda pró-Cuba como ações de "golpe".
Reagindo à crescente perda de influência continental, o Foro anunciou o "exercício prático do internacionalismo mútuo entre todas as forças de esquerda" com "uma ação concertada entre a esquerda da Europa e na América Latina e no Caribe".
Ações contra a OEA e o Grupo de Lima (formado por 17 países se reuniram afim de criar uma saída pacífica para a crise na Venezuela). Apoiar a nova reeleição presidencial de Evo Morales na Bolívia. "Solidariedade Internacionalista" em favor do governo de Nicolás Maduro. Voltar para "presidido pelo governo Daniel Ortega" e rejeitar "a ação desestabilizadora de grupos terroristas golpe certo" na Nicarágua. Exija a "liberdade imediata" de Lula da Silva e apóie sua candidatura como candidato presidencial nas eleições de outubro próximo.
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A bordo de uma aeronave executiva Dassault Falcon 50, com matrícula venezuelana, o ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, chegou a Manágua na noite, de 18Jul2018. Rodríguez, juntamente com o chanceler de Maduro, Jorge Arreaza, foi encarregado de acompanhar Daniel Ortega em um comício, em 19JUL2018, para celebrar a "revolução sandinista". O governo Ortega proclama sua vitória sobre a oposição após sangrentas operações policiais e paramilitares na cidade de Masaya que multiplicaram o número de mortes e feridos.
Jorge Arreaza, em nome de Maduro, ofereceu apoio para "defender a soberania" da Nicarágua e afirmou que os "revolucionários da Venezuela" irão "para a montanha de Nueva Segovia". Rodriguez leu uma mensagem de Raul Castro apoiando Ortega "ante as tentativas imperialistas de derrubar seu governo".