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Raupp diz que baixo envolvimento empresarial e falta de políticas públicas são entraves para inovação

Publicado Jornal da Ciência


Clarissa Vasconcellos


O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, apontou na última sexta-feira (16) alguns entraves para a inovação no Brasil, tais como a falta de políticas públicas, o baixo envolvimento empresarial e a pós-graduação centrada no conhecimento acadêmico. Raupp elencou as razões durante a aula inaugural do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), onde realizou a palestra 'Ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento sustentável do Brasil'. Na mesma ocasião, ele visitou o Parque Tecnológico da universidade.

 "A reduzida atenção das políticas públicas para pesquisa tecnológica e para a geração de inovação talvez seja a melhor explicação para o acanhado desempenho do Brasil nesse setor", sentencia o ministro, que também destaca o baixo envolvimento do setor empresarial. "Apesar dos progressos alcançados, a grande preocupação desse setor [empresarial] é o custo Brasil, que inibe ou inviabiliza investimentos", justifica, acrescentando que as empresas também sofrem com "modestos incentivos fiscais" e "legislação pouco amigável".

Raupp também levou em consideração o perfil da pós-graduação brasileira, "que ainda hoje atribui pouco valor à formação tecnológica". "Somente há pouco tempo vem sendo reforçada a necessidade de formação de novos engenheiros, um dos gargalos para o nosso desenvolvimento em CT&I", ressalta. Além disso, analisando a evolução da ciência no Brasil, o ministro lembrou que foi adotado um modelo de formação de recursos humanos e de financiamento à pesquisa apoiado na estruturação e consolidação da pós-graduação acadêmica e que esse modelo vem apresentando resultados satisfatórios na produção de conhecimento, principalmente produção de natureza acadêmica.

Mesma moeda – "Ciência e Inovação são faces da mesma moeda e propulsionam o avanço da humanidade", afirmou o ministro ao começar sua palestra, acrescentando que pretende que C,T&I sejam "o motor do desenvolvimento sustentável do País". Raupp destaca que a cooperação entre ciência e tecnologia e o setor empresarial são um capítulo fundamental da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI).

E dá exemplos de união entre academia e empresa que deram certo, como no agronegócio, na energia, na aviação, nas TI, no petróleo e gás, no bioetanol e nos sistemas de interação, como o bancário e o eleitoral. O ministro também lembrou que países que querem continuar na liderança da economia mundial (como EUA e Japão) "não abandonam os investimentos em CT&I". Entre as nações desenvolvimentistas, Raupp comparou o Brasil com a China no sentido de que, enquanto o primeiro vem se destacando nas ciências da vida, a segunda vem alcançando a excelência nas áreas exatas, o que a torna mais competitiva.

Entre os desafios da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), Raupp sublinhou a redução da defasagem científica e tecnológica "que nos separa de países mais desenvolvidos"; a expansão e consolidação da liderança brasileira no conhecimento natural; a ampliação da base para sustentabilidade ambiental e desenvolvimento de economia de baixo carbono; uma maior inserção internacional e multidisciplinaridade; e a superação da pobreza e redução das desigualdades sociais regionais, sendo este último "um desafio para a cidadania, que ultrapassa o âmbito de CT&I".

Para vencer os desafios, Raupp julga necessário o fortalecimento da base de sustentação das políticas CT&I, o que passa pela promoção da inovação, pela formação e capacitação de recursos humanos e pelo fortalecimento da pesquisa e da infraestrutura científica tecnológica do País. "São pontos a batalhar e que nos vão nortear", completa.

Macrometas – O ministro também recordou "macrometas" a alcançar. São elas: elevar o dispêndio nacional em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de 1,19% de 2010 para 1,8% do PIB em 2015; promover investimento empresarial em P&D que corresponda à metade dos investimentos total nas atividades no País; chegar a 2014 com uma taxa de inovação de 48,6%, "dez pontos acima do patamar de 2008"; atrair centros de P&D internacionais; dobrar o número de empresas que recorrem anualmente aos benefícios fiscais para inovação; e elevar de 23% para 30% o percentual de empresas inovadoras.

Entre as áreas de prioridade, Raupp destacou as de TI, Complexo Industrial da Saúde, Complexo Industrial da Defesa, Petróleo e Gás, Complexo Industrial Aeroespacial, Energia Nuclear, Biotecnologia, Nanotecnologia e Fomento à Economia Verde.

Em sua palestra, alunos da UFRJ se aproximaram do ministro para pedir mais bolsas. Raupp disse que o incremento depende de negociações suplementares no orçamento e citou o programa Ciência sem Fronteiras, que tem foco nas ciências naturais, nas engenharias e na internacionalização. Das 101 mil bolsas pretendidas (26 mil do setor empresarial), 18.528 já foram concedidas, segundo o ministro.

Após a aula inaugural, o ministro embarcou no ônibus movido a Hidrogênio da Coppe para uma visita ao Parque Tecnológico da UFRJ. No local, participou da cerimônia de entrega das chaves de seis novas pequenas empresas: Aquamet, Ambidados, Ambipetro, Inovax, Virtualy e Maemfe. Quatro delas são provenientes da Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, sendo três spin-off de laboratórios da própria universidade. As novas empresas conviverão com os laboratórios da Coppe e de outras unidades da UFRJ e com os centros de pesquisas da Petrobras e de grandes empresas nacionais e internacionais.

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