DefesaNet Nota – Publicação da ELETROBRAS – ELETRONUCLEAR Disponibilizada no DefesaNet 2MB pdf Link |
Editorial edição Novembro 2011
As ondas que varreram as usinas de Fukushima continuaram em movimento, ainda que em sentido figurado, e chegaram às principais nações do mundo.
Muito embora a maioria dos governos tenha adotado uma posição ponderada frente ao acidente, buscando rever a segurança de suas instalações e aprender com a experiência adquirida, verificou-se em alguns casos isolados, mas de grande visibilidade, a adoção de medidas mais drásticas, muitas vezes movidas por diferentes razões ligadas à política partidária interna aos respectivos países, como a Alemanha, Itália, Bélgica e Suíça.
Em nosso editorial anterior alertávamos que uma das conseqüências do acidente de Fukushima poderia ser, em alguns cenários, “um mundo mais poluído e com energia mais cara”.
Com efeito, a decisão alemã de fechar imediatamente suas usinas mais antigas já resultou num aumento de 12% no custo de energia elétrica naquele país, e suas emissões de carbono cresceram mais de 10%.
A isso se somam os custos do capital investido nas usinas, da construção de fontes de geração substitutas e das linhas de transmissão para sua interligação. Sem falar nos milhares de empregos diretamente afetados. Tudo isso em um momento de aguda restrição econômica na zona do euro.
A questão energética é crucial para a sociedade moderna, e a construção de uma matriz
equilibrada atendendo simultaneamente os princípios de universalização do acesso, a segurança de abastecimento e modicidade tarifária demanda soluções de compromisso, diversificação, investimentos pesados e longo prazo de maturação.
A tecnologia põe à disposição da sociedade diversas soluções, cada uma com diferentes custos, impactos e riscos associados. A isso, a geopolítica acrescenta o desafio de garantir um suprimento cujas fontes total ou parcialmente estão além das fronteiras nacionais, por vezes em regiões instáveis ou mesmo potencialmente hostis. Cabe aos líderes nacionais uma reflexão serena e objetiva, sem preconceitos ideológicos, acerca da combinação de alternativas a serem adotadas.
Sempre na certeza que não há forma de geração de energia, ou qualquer outra atividade humana, que não implique em impactos ambientais, ou seja, isenta de riscos.
Pesquisas de opinião demonstram uma queda no apoio à energia nuclear após o acidente de Fukushima Daiichi, não só no Japão, mas em todo o mundo. As pessoas opõem-se à energia nuclear por diversos motivos, mas predomina um temor vago e indefinido frente aos riscos tecnológicos pouco compreendidos. Grupos políticos de pressão movidos pela ideologia antinuclear ou por outros objetivos não confessáveis aproveitam o ambiente de desinformação para fazer valer suas agendas específicas, nem sempre coincidentes com os interesses de longo prazo da sociedade.
Nesse contexto produzimos esse trabalho, que busca informar ao público os mais recentes dados disponíveis sobre a energia nuclear no mundo, uma das fontes de energia mais seguras e de menor impacto ambiental.
Essa edição traz ainda uma nova seção sobre os resíduos nucleares de modo geral, e em especial sobre as radiações, na qual procuramos tratar de forma acessível conceitos como doses equivalentes, critérios, unidades de medição da radiação e seus efeitos nos seres vivos.