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Oil & Gas – Apagão de talentos nas empresas deve piorar em cinco anos


Leticia Arcoverde
De São Paulo

Se as empresas de óleo e gás já enfrentam problemas para encontrar profissionais com a formação necessária para sustentar o crescimento dos negócios, a tendência é o cenário piorar. Estudo da consultoria de recursos humanos Mercer estima que metade da mão de obra qualificada desse mercado mundial estará aposentada nos próximos cinco anos. O principal desafio do setor para garantir a oferta de profissionais, agora, é a transferência do conhecimento entre gerações.

Essa é a visão do diretor global da área de energia da consultoria, Philip Tenenbaum, que esteve no Rio de Janeiro na semana passada. Na ocasião, ele apresentou o estudo realizado com mais de cem companhias do segmento da América do Norte, Europa e Ásia.

De acordo com os dados, pelo menos 40% das empresas consideram que a oferta insuficiente de trabalhadores qualificados, interna e externamente, é hoje um assunto crítico. Apesar de os números não incluírem o Brasil, onde a pesquisa ainda será conduzida, Tenenbaum considera que a situação no país é similar. "Há um desafio de transferir habilidades para uma geração 20 anos mais nova", diz o americano. Para ele, isso levará ao desenvolvimento de formas de treinamento menos tradicionais e mais pensadas para públicos jovens, como aulas on-line e games.

Segundo a pesquisa, algumas profissões aparecem como 'hot jobs' para as companhias, como engenheiros de petróleo, de operação e técnicos de operação. Em todos esses casos, cerca de 60% das companhias preveem que, dentro de cinco anos, essas profissões estarão com demanda ainda maior do que a atual. Gerentes de operação e profissionais de geociências, como geólogos, também são posições que preocupam pelo menos metade das empresas pesquisadas.

"Essa força de trabalho é essencial para que as empresas consigam crescer para novos mercados", diz o diretor da Mercer no Rio de Janeiro, André Maxnuk. Segundo ele, atualmente muitas empresas brasileiras já preenchem posições de engenheiros com profissionais técnicos, em razão da dificuldade de encontrar mão de obra.

De acordo com a pesquisa, 74% das empresas apontam a falta de habilidades técnicas como o problema mais significativo na força de trabalho desse setor. Como parte desse cenário, Tenenbaum vislumbra uma maior ênfase na retenção do que na atração de talentos. No entanto, também falta adaptar essas práticas a aspectos particulares como idade e localização dessas pessoas. "As multinacionais precisam criar estratégias distintas para segurar profissionais de gerações e países diferentes."

Os jovens, por exemplo, dão mais valor a oportunidades de desenvolvimento de carreira. Atraí-los apenas pelo dinheiro, portanto, não é uma estratégia eficaz, considerando que a indústria já oferece salários base altos. Além disso, segundo Maxnuk, a tendência é a diversificação dos pacotes para incluir mais remuneração variável, como aconteceu em outros setores.

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