Ramona Ordoñez
Eletronuclear diz que não houve problema no reator, mas na parte elétrica Mais de 24 horas após o desligamento da usina nuclear Angra 1, a Eletronuclear ainda não sabe as causas do problema. A interrupção ocorreu na quinta-feira de manhã, após o acionamento automático do Sistema de Proteção do Reator (SPR), responsável pelo sistema de instrumentação e controle da unidade.
O diretor de Operação e Comercialização da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, garantiu que não houve qualquer problema no reator, mas apenas algum defeito na parte elétrica do sistema, que ainda está sendo investigado pelos técnicos da usina e pelos inspetores da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). – O problema é absolutamente de caráter elétrico e eletrônico no sistema de controle. Não ocorreu qualquer problema no reator – garantiu Figueiredo.
Devido a algum problema elétrico, explicou o diretor, o mecanismo de segurança da usina acionou o SPR. Esse sistema corta a energia e faz as barras de controle (ligas compostas de prata, cádmio e índio) caírem por gravidade direto no reator, provocando o seu desligamento imediato. Essas barras são usadas para desligar a usina porque absorvem os nêutrons do reator, suspendendo a fissão nuclear, que é a fonte de energia que vai fazer girar as turbinas para gerar eletricidade. problema ocorreu também na terça
O diretor da Eletronuclear explicou que, na última terça-feira, dia 16, ocorrera o mesmo problema, com o desligamento automático da usina. Foi realizada uma inspeção e, sem que os técnicos tivessem constatado qualquer problema, a unidade voltou a ser ligada. A produção de energia foi sendo elevada paulatinamente e, quando Angra 1 estava com cerca de 49% de sua capacidade total em funcionamento – 640 megawatts (MW) -, ocorreu novamente o problema com o desligamento na quinta-feira.
A usina continuará desligada até que seja descoberto o problema que vem provocando o acionamento do sistema de segurança e, consequentemente, o desligamento da usina, afirmou Figueiredo. Os inspetores da Cnen estão acompanhando todo o trabalho que vem sendo realizado. De acordo com o diretor da Eletronuclear, essa é a primeira vez que esse tipo de falha ocorre na usina nuclear Angra 1.
O especialista no setor elétrico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou, por sua vez, que a usina não pode voltar a funcionar enquanto não forem descobertas as causas do problema no sistema de segurança: – Se o sistema de segurança falhou ao detectar algum problema que não aconteceu, ele também poderá falhar se ocorrer algum problema e não funcionar. Esse sistema de segurança tem que ser revisto totalmente até encontrar o problema – frisou Pinguelli Rosa.