Revista Amanhã
Por Pedro Pereira
A Lupatech anunciou hoje o cancelamento de dois contratos de prestação de serviços que havia assinado com a Petrobras em 2007. Segundo a companhia, os acordos envolviam negócios de aproximadamente US$ 779 milhões e seriam executados pela Lupatech em áreas de concessão da Petrobras em águas territoriais brasileiras. O cancelamento foi feito em comum acordo com a estatal e não representa qualquer ônus a nenhuma das partes.
Os motivos que levaram ao cancelamento ainda não estão claros. O comunicado enviado pela Lupatech à imprensa explica apenas que a rescisão faz parte de um processo de reestruturação. A assessoria da empresa informa que teria dificuldades de honrar os US$ 100 milhões em investimentos previstos no acordo.
Para Auro Rozenbaum, analista dos mercados de petróleo e energia do Bradesco BBI, o cancelamento dos contratos não deve causar nenhum dano à Lupatech. “Aparentemente, esses contratos não trariam grande retorno para a empresa. Tanto que o papel está caindo pouco”, explica. No final da tarde, as ações da Lupatech registravam queda de 1,92%.
Rozenbaum acredita na importância dada pela companhia à reestruturação citada no comunicado. “A Lupatech está a dias, talvez horas, de anunciar um novo business plan, que será mais voltado a produtos e menos a serviços”, enfatiza. Ele também destaca a incorporação da San Antonio Brasil, que deve representar uma mudança significativa no caixa da companhia: em janeiro, Alexandre Monteiro, presidente da Lupatech, afirmou que, da carteira de pedidos de R$ 1,6 bilhão da San Antonio Brasil, cerca de R$ 500 milhões devem se converter em receita nos próximos 12 meses.
De acordo com Rozenbaum, essa mudança deve ser exclusivamente da Lupatech. “A Petrobras não deve estar preocupada porque faz planejamento de médio ou longo prazo. Não deve estar revisando planos de negócios nem reduzindo investimentos, pois não faz isso de um ano para o outro”, afirma.
Considerando insuficientes as informações divulgadas pela Lupatech, Rozenbaum pondera que não é possível saber ao certo o que motivou a decisão. “Pode ter havido dificuldade de financiamento, estrutura ou algum problema técnico. Houve recentes mudanças nas normas de segurança e o projeto pode ter se tornado inviável a partir disso”, cogita. No entanto, ele considera difícil que haja qualquer relação com a iminente reestruturação da Lupatech.