O BNDES vai apoiar a construção de um centro de inovação no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, segundo o reitor do ITA, Carlos Américo Pacheco. Esse centro, diz ele, poderá estimular o envolvimento de alunos da graduação em pesquisas voltadas para a elaboração de produtos e de tecnologias de interesse do mercado.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse, em visita ao ITA no fim do mês passado, que o banco apoiará a criação desse centro para atender a demanda de desenvolvimento de tecnologias relevantes para o país, não só do setor aeroespacial e de defesa, mas também na área de petróleo e gás, energias renováveis, tecnologia da informação, entre outras.
Para acelerar o processo de inovação em áreas estratégicas, Coutinho disse que é fundamental ampliar e fortalecer a atuação de centros de excelência educacional e de pesquisa como o ITA.
O projeto mais importante do instituto para este ano é justamente a ampliação da oferta de vagas na escola, de 120 para 600, no prazo de cinco anos. A meta é dobrar as vagas já 2013, para 240, com investimento estimado em R$ 300 milhões.
O reitor ressalta que o maior desafio do ITA não será a ampliação do número de vagas [no último vestibular da escola, 570 alunos alcançaram nota para entrar], mas sim a contratação de professores, tendo em vista a escassez de profissionais especializados nas áreas de atuação da escola. Pacheco estima que será necessário contratar 200 educadores para atender ao projeto de ampliação de vagas em cinco anos.
Num primeiro momento, o centro de inovação estará focado em desafios tecnológicos de longo prazo, enfrentados por seis empresas selecionadas: Embraer, Petrobras, Vale, Telebras, Braskem e Odebrecht. "O objetivo é aumentar, de forma cada vez mais precoce, o engajamento dos alunos em atividades de inovação ", disse ele.
As empresas, segundo Pacheco, já são parceiras da escola, além de terem uma participação importante na área de pesquisa e desenvolvimento. O percentual de contrapartida de cada uma delas no centro ainda será negociado. O reitor programou para maio a apresentação dos detalhes do projeto ao BNDES. "Esse projeto é inspirado nos valores do MIT [Massachusetts Institute of Technology], relacionados à inovação, empreendedorismo e à busca incessante por transformar pesquisa básica em produto", ressaltou.
O ITA, de acordo com Pacheco, tem a tradição de formar engenheiros que se tornam líderes de projetos em empresas, ou empreendedores que criam seus próprios negócios, especialmente na área de tecnologia.
A maioria dos líderes da Embraer veio do ITA. Mas o reitor disse que hoje a empresa tem enfrentado dificuldades de formar e de cativar esses engenheiros, não apenas porque existe uma carência desse tipo de mão de obra no país, mas também porque a demanda aumentou muito com o incremento dos projetos no setor aeroespacial e de defesa.
O vice-presidente de engenharia e tecnologia da Embraer, Mauro Kern, disse que o novo centro de inovação permitirá um crescimento das oportunidades de desenvolvimento conjunto de projetos e de pesquisas.
"Temos especial interesse em desenvolver projetos nas áreas de novos materiais e sistemas embarcados e já realizamos uma parceria muito bem-sucedida com o ITA na área de automação da manufatura", explicou. Segundo Kern, o nível de prontidão tecnológica da companhia, a capacitação contínua da mão de obra e da engenharia são fatores que fazem a diferença em mercados demandantes em termos de tecnologia.
Kern disse que a Embraer considera essencial a parceria da empresa com as universidades e os centros de pesquisa para fomentar o desenvolvimento das tecnologias Aeronáuticas da empresa. Além do ITA, a Embraer também desenvolve colaborações com outras instituições brasileiras, europeias e norte-americanas.
"Temos uma parceria com o MIT na área de nanotubos de carbono [cilindro de átomos de carbono de tamanho nanométrico], com aplicação na indústria Aeronáutica, e também com a Universidade de São Paulo (USP), que desenvolve tecnologias para aumentar o conforto da cabine de passageiros dos nossos aviões", disse o executivo da Embraer. Os nanotubos de carbono são centenas de vezes mais resistentes que o aço e seis vezes mais leves.