LUTE PARA QUE NO FUTURO NÃO TENHAMOS A REPÚBLICA SOCIALISTA DO BRASIL
Carlos Alberto Pinto Silva
General-de-Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
As finanças do Brasil, os seus recursos naturais e sua capacidade produtiva foram roubadas de forma abusiva por políticos e empresários (1) corruptos, e utilizados para fazer valer sua vontade.
Do outro lado da moeda, as forças de reação democráticas são muitas vezes descritas como muito fracas, incapazes, não comprometidas, e muitas vezes desaminadas.
A ausência de reação da sociedade brasileira deixa a impressão que ninguém se importa com o que vem acontecendo no país e que não existem autoridade e comprometimento dos poderes constituídos.
A radicalização da política brasileira teve seu ápice até agora com o ataque sofrido, no último dia 6 de setembro, pelo candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, que lidera a corrida eleitoral. É uma situação de ruptura que se agrava pela crise econômica e social do país.(2)
Se quisermos mudanças radicais no Brasil, precisaremos aproveitar as oportunidades que Pontos de Ruptura (3) nos oferecem, romper com o passado e ter mentalidade, habilidades políticas e sociais novas.
Os Pontos de Ruptura são momentos de grande sensibilidade da vida Nacional. Devemos acreditar que, na maioria das vezes, uma situação ou um momento específico (Ponto de Ruptura) acontece para reunir pessoas respeitáveis que acreditam na Defesa do Estado Democrático de Direito, da Ética, e da Honestidade na vida pública.
Nesse contexto, qual a importância das eleições de 2018 para a solução dos atuais problemas brasileiros, e para a transformação social e política no Brasil?
Cenário: “A esquerda, nas eleições de 2018, tentará retornar ao Poder via Haddad (segundo a imprensa “se Haddad for eleito, é Lula quem vai governar”), Ciro, Marina, ou com o PSDB, todos ideologicamente iguais. Caso, a “Via Pacífica” venha a desmoronar, poderá, ainda, ser usada a guerra híbrida em seu modo soft (forma não violenta: protestos, manifestações sindicais, uso dos movimentos sociais) para a tomada do Poder, ou em seu modo hard (forma violenta para a tomada do Poder). Tudo indica já ter sido escolhido o segundo estilo, devido ao excesso a violência nas manifestações e protestos de 24 de maio de 2017 e as reações da militância a prisão de Lula.
Protestos violentos (o modo hard) desafiam a sociedade brasileira a ver, ouvir, pensar e reagir.
“De repente a multidão tornou-se visível”. É evidente que a formação normal de uma multidão implica a coincidência de desejos, de ideias, de modo de ser dos indivíduos que a integram. Contudo a massa não atua por si mesma. Veio ao mundo para ser dirigida, influída, representada e organizada, até para deixar de ser massa. Mas não veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida à instância superior, constituída pelas lideranças políticas e as formadas de cidadãos possuidores de representatividade, social, legal, ou pertencentes à iniciativa privada. Vale ressaltar que a multidão antes, se existia, passava despercebida, ocupava o fundo do cenário político, agora se antecipou às baterias, tornou-se o personagem principal. Já não há protagonistas: só coro (a voz da massa).
Segundo José Ortega y Gasset (A Rebelião das Massas), pode-se discutir à vontade quais são as cabeças excelentes; mas que sem elas – sejam uns ou outros – as mudanças políticas não acontecerão. “Os líderes é que são capazes de opor às ideias do político outras suas, que representam as tendências e desejos das massas”.
A Teoria do Desafio e Resposta, de Arnold Toynbee, por sua vez, “coloca o destino dos povos nas mãos de suas lideranças. Obstáculos diversos são desafios que se antepõem ao processo de afirmação das nações. Ou estas superam esses desafios e se afirmam, ou não os superam, e são condenadas à estagnação e à desagregação”.
Outro grande desafio: como conseguir o apoio e comprometimento das lideranças sociais, empresariais, comerciais, das associações de classe e do agronegócio?
Roberto Mangabeira Unger, “para quem a tragédia não pode ser a parteira do progresso, pelo que não podemos depender das catástrofes para que modifiquemos nossas rotinas e arranjos institucionais”, adverte, “a mudança é imediata, porque de respostas vive a vida, que nos coloca desafios”.
O grande desafio é que cada membro da sociedade brasileira deve saber onde se encaixa na luta para a conquista do poder político.
A reação tem que começar em algum lugar e de alguma forma, que não fique apenas no previsível, pois, se formos iguais, manteremos a rotina política e social de sempre, e jamais daremos o grande salto político e social que o Brasil precisa.
Uma nova oportunidade nos é dada pelo atentado à democracia com os acontecimentos em Juiz de Fora; pela ruptura política e ética que vive o país na atual conjuntura (Acontecimentos); pelo descontentamento da população com a ação dos governos nos diversos campos do poder (Tendências); e pela proximidade das eleições majoritárias no Brasil (Contexto).
Lute para que no futuro não tenhamos a República Socialista do Brasil.
A hora é agora. Aproveitemos o “ponto de ruptura” nos oferecido com o ataque covarde ao candidato Jair Messias Bolsonaro.
Vamos, no voto, romper com o passado e o presente.
Todos nós brasileiros somos partes disto!!!
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[1] Existem políticos e empresários honestos e corretos que poderão participar da luta democrática.
[2] https://blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira/post/uma-situacao-de-ruptura.html (O Globo em 7/09/2018 – Merval Pereira).
[3] Ataque ao candidato Jair Messias Bolsonaro.
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