TELEMÁTICA – “A EQUAÇÃO TEMPO ZERO DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO”
(UMA ESPECULAÇÃO SOBRE O ASSUNTO)
Pinto Silva Carlos Alberto [1]
1. IDEIAS RELEVANTES
1.1 PODER.
O Poder é o desejo número um do ser humano e a necessidade mais premente de toda organização social. Há disputa de Poder no mundo moderno nos bairros, sindicatos, partidos políticos, ONG, movimentos sociais, crime organizado, e Instituições de Estado.
Na era da informação o conhecimento passa a ser um recurso econômico e político crucial, as redes e os demais meios de comunicação atuais se convertemem estrutura crítica, aqueles que dominam o conhecimento e os meios de comunicação se apoderam de um grande Poder Político.
Alguns estudiosos já falam de “sociedade do conhecimento” para destacar o valor do capital humano na sociedade estruturada em redes telemáticas.
1.2 NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (NTICS)
Chamam-se de NTICs as tecnologias e métodos para comunicar surgidas no contexto da Revolução Informacional, "Revolução Telemática" ou Terceira Revolução Industrial. Considera-se que o advento destas novas tecnologias e a forma como foram utilizadas por governos, empresas, indivíduos e setores sociais possibilitou o surgimento da "sociedade da informação".
O uso dos instrumentos trazidos pela “revolução telemática” se tornou em importante ferramenta de difusão de “conjunto de ideias” construindo espaços de encontro, em que diversas correntes de pensamento podem dialogar, culminando com o ciberespaço, onde se inserem cibercidadãos, com capacidade, entre muitas hipóteses, deexercer alguma forma de Ciberdemocracia.
1.3 RECORDANDO ALGUNS CONCEITOS
Sociedade da Informação – Acesso democratizado, universal, global e total a informação e ao conhecimento, através dos meios de comunicação e equipamentos eletrônicos. A Internet inaugura uma nova sociedade chamada de Sociedade da Informação.
Sociedade do Conhecimento – Se produziu a partir das redes sociais, das interações e colaborações, entre os indivíduos membros. São pessoas discutindo questões, refletindo sobre elas, ensinando e aprendendo, umas com as outras, em todas as áreas de conhecimento.
Espaços de Encontro:Sites e aplicativos de telefone celular que permitem lugar de debate ou troca de informações com potencial político, em que diversa correntes de pensamento podem dialogar.
Cibercidadão:Indivíduos que utilizam os meios digitais para participação política ou controle da transparência na gestão pública.
1.4 A VELHA IMPRENSA – AG CARTA MAIOR[2]
“Entre as tantas denominações que a imprensa atual tem merecido, aquela escolhida pelo Rodrigo Viana (velha imprensa) é a mais adequada.
Velha remete a algo ultrapassado por modalidades muito mais amplas, democráticas, pluralistas. Velha remete ao Brasil velho, antigo, tradicional, aquele construído pelas mãos das elites, como o país mais desigual do mundo.
A concentração dos meios de comunicação nas mãos de algumas poucas famílias, que fazem uma gestão totalitária do seu uso, a favor das suas opções políticas e necessidades econômicas, é parte indispensável da concentração de riquezas no Brasil.”
1.5 BOURDIEU, PIERRE[3]S – SOBRE A TELEVISÃO
“O autor avisa a seus interlocutores que ao falar dessas condições excepcionais já diz algo sobre as próprias condições em que se fala na televisão. A partir daí, critica não somente aqueles que fazem a televisão, mas aqueles que aceitam participar dela, como cientistas, pesquisadores, escritores e os próprios jornalistas. Para ele, trata-se de "se fazer ver e ser visto" na televisão,"uma espécie de espelho de Narciso".”
Ao abordar os constrangimentos inerentes ao campo jornalístico, impostos a jornalistas, convidados e, pode-se pensar, aos espectadores ou leitores dos meios de comunicação, Bourdieu na verdade discute "uma censura invisível" que permeia a atividade jornalística.
O "espelho de Narciso" torna-se, assim, um instrumento "pouco autônomo", limitado pelas "relações sociais entre os jornalistas, relações de concorrência encarniçada […], que são também relações de conivência, de cumplicidade objetiva"
Bourdieu diz , ainda,“que a televisão, em busca de audiência, expõe a um grande perigo não só as diferentes esferas de produção cultural como também a política e a democracia, e espera que aquilo “que poderia ter se tornado um extraordinário instrumento de democracia direta não se converta em instrumento de opressão simbólica ”.
“Dentre os debates televisivos, Bourdieu destaca dois tipos, denominando-os como os “verdadeiramente falsos” e os “falsamente verdadeiros”. O primeiro caso ocorre quando os debatedores são, claramente, amigos e convivem no dia a dia.No segundo caso, o autor destaca a arbitrariedade e o poder inserido nas mãos do apresentador e mediador, que é o responsável por distribuir a palavra, tempos e sinais de importância”.
Uma visão mais aprofundada do desenrolar da Pandemia do Covid 19, com uma análise mais circunstanciada do problema e uma observação insuspeita das ações e fatos divulgados verifica-se que a imprensa, principalmente a televisada, tentou colocar no governo toda a responsabilidade dos desacertos, e, ainda, criar um temor pouco justificável na população, com o possível “caos na saúde”.
Este fato, muito explorado, transformou-se em grande desgaste político para as autoridades e para o país num momento de crise, reforçando a ideia de que a mídia pode ter privilegiado as notícias mais terríveis e críticas em detrimento da discussão esclarecida dos problemas, principalmente da corrupção e da politização ao combate da pandemia, que cobrou muitas vidas de brasileiros.
1.6 SEGUNDO MICHEL CARVALHO
“Estamos vivendo uma reconfiguração da vida social, cultural e política, com reflexos nos comportamentos, nos hábitos de consumo e no exercício da cidadania. A internet passa a promover um novo elo entre o Estado e o cidadão.
A ciberdemocracia, assim nomeada pelo filósofo Pierre Levy, diz respeito a novas práticas de política democrática, que nascem dessa estrutura tecnológica digital proporcionada por dispositivos de comunicação em rede.”
“A ciberdemocracia alarga o espaço público e de cidadania nas e a partir das redes, num movimento emancipador e de renovação da cultura política.”[4]
1.7 SEGUNDO WELLINGTON JOHANN[5].
“A força do digital é clara. Se no passado a sociedade discutia localmente ou demorava para impulsionar determinadas mudanças, hoje a internet permite que qualquer mudança seja possível em tempo real. É o imediatismo que surge com a ciberdemocracia. Sim, a internet existe para ser democrática. Não, assim como no olho no olho, as pessoas ainda engatinham para compreender o significado de democracia.”
“Se quisermos reclamar de algo ou manifestar uma crítica, basta acessar as redes sociais e compartilhar com milhares de pessoas. Se a insatisfação for com algum órgão público, político ou instituição privada, ainda há o poder da comunicação digital direta. Acredite, o retorno será tão rápido quanto tentar formalizar a reclamação pessoalmente. Eis o poder da urgência digital.”[6]
2.TENDÊNCIAS REVELADAS
O uso das mídias sociais tem crescido nas últimas décadas, fazendo com o que essas plataformas se tornem fóruns de debates e discursos políticos e espaços para o engajamento em atividades político-sociais.
Em pesquisa feita no ano de 2018 pela Pew Research Center, mais da metade dos americanos tomaram partido em algum tipo de atividade política através das redes sociais.
Essa mesma pesquisa ainda mostra que a maioria dos americanos acreditam que essas plataformas são cruciais para dar voz a grupos minoritários.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada pelo IBGE em 2016, 51,6 milhões dos brasileiros conectados à internet são de jovens que cresceram com o acesso a redes sociais, dominam sua lógica de interação e vem nelas uma multiplicidade de pautas e questões nas quais podem se identificar e posteriormente se engajar de forma mais autônoma e horizontal.
3. CONCLUSÃO.
Ao observar os países desenvolvidos, cultos e democráticos, percebe-se que a "Revolução Telemática" ou Terceira Revolução Industrial, implicou avanço social, também modificou a estrutura das democracias.
Por que do medo das pessoas que têm contas aprestar à sociedade?
Se a sociedade quiser protestar, criticar, fazer um abaixo assinado virtual, basta postar nas redes sociais ou grupos de mensagens que muitas pessoas serão alcançadas. Se a contrariedade for com o Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, ou algum órgão público, ainda terá a vantagem de a comunicação em tempo real.
A interação será feita com a “Equação ‘Tempo Zero’[7] da Sociedade do Conhecimento”.
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf. Sol, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
[3]– BOURDIEU, Pierre. 1997. Sobre a Televisão – Seguido de A Influência do Jornalismo e Os Jogos Olímpicos (tradução de Maria Lúcia Machado). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 143 pp. Silvia Nogueira – Mestre, PPGAS-MN-UFRJ. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93131999000100009&script=sci_arttext&tlng=pt
– Fichamento do livro “Sobre a Televisão”, de Pierre Bourdieu – Escrito por: Marcos Mariani Casadore – Setembro/2010. https://psicologado.com.br/resenhas/fichamento-do-livro-sobre-a-televisao-de-pierre-bourdieu
[4] O ‘cibercidadão’ requer novo capital cultural –
[5] Jornalista da Talk Comunicação e especialista em marketing na internet pela Universidade de Aveiro, Portugal.
[7] Tempo real.