A DEFESA DA AMAZÔNIA É UM “INTERESSE VITAL DA NAÇÃO BRASILEIRA”?
Pinto Silva Carlos Alberto [1]
Assim como no passado, quando o português usou o Forte e a Expedição para preservar o Brasil Colônia, a missão continua a mesma na sua grandeza, no seu desafio e na sua beleza.
O que se constata é que a situação vivida, na atual conjuntura brasileira, é a de paz relativa (Guerra Política Permanente), não há inimigo e sim Estados que tiveram seus interesses desafiados pelo Brasil. Está acontecendo um “Conflito na Zona Cinza”, caracterizado por uma intensa competição política, econômica, informacional, mais acirrada que a diplomacia tradicional, porém inferior à guerra convencional.
Com intuito de dar força à Guerra Política Permanente que visa, em uma primeira fase, desestabilizar o governo, é difundido internamente e no exterior, que no Brasil há radicalismo de direita, perseguição de minorias, homofobia, desrespeito aos Direitos Humanos e à política de proteção ao Meio Ambiente, e que a Amazônia está sendo destruída.
A cobiça sobre as incalculáveis riquezas não é exclusividade dos dias atuais. A Amazônia tem sofrido ao longo dos tempos pressões internacionais e fortes ameaças que atentam contra a soberania a nacional.
“A observância do comportamento dos governantes, a orquestração da mídia quase sempre desfavorável a um país, a manutenção de exigências absurdas nos campos político e econômico, a “Satanização” da futura vítima, ao mesmo tempo que campanhas bem dirigidas buscam minar o moral nacional da população do país alvo, são indícios claros do preparo da opinião pública mundial para aceitar uma ação” baseada na nova Doutrina da ONU, o princípio da “Responsabilidade de Proteger”[2]
“Países do Norte fazem coro e ameaças, principalmente em relação a Amazônia, a política ambiental, e a direitos das minorias, e o que pretendem é dificultar a ascensão geopolítica do Brasil, que da mesma forma que a China, é uma ameaça ao status quo planetário.
Os brasileiros não podem ter dúvidas que aos países desenvolvidos do norte, não interessa ter na América do Sul uma Potência Emergente que lhes possa fazer sombra, procedimento tutelar que teve suas primícias no século XIX com a Doutrina Monroe”. [3]
“Os detratores do Brasil, em relação a Amazônia, parecem não ter compromissos sérios com o estudo e a crítica de certos assuntos, ou esses compromissos são mais de natureza econômica, política e ideológica, ou são apenas pessoas, provavelmente , despreparadas ou mal intencionadas: é matéria para o uso de seus interesses, de fanáticos, de desconhecedores do assunto, e de ingênuos[4]”.
O desafio que o povo brasileiro vive hoje, na defesa da soberania nacional, é caracterizado pela presença de Estados e grupos não estatais com interesses políticos e econômicos; pelo aumento considerável do poder das mídias tradicionais, eletrônicas e digitais; e pelo surgimento de entidades pequenas e atuantes na política e nas causas sociais;mas todas marcadaspela lealdade cega à sua causa, que extrapolam qualquer fronteira e levam o povo a não perceber a necessidade da defesa dos “Interesses Vitais da Nação Brasileira”.
“Se o próprio povo não estiver preparado para, se necessário, tomar parte na defesa de seu país, não poderá a longo prazo ser protegido.” (Clausewitz).
Obviamente, para as “Nações do Norte”, é impositivo e fundamental que o Brasil concorde com a “perda” ou “compartilhamento” da Amazônia,é imperioso que a sociedade brasileira seja convencida da farsa de que aquela região não é apenas sua, mas patrimônio de toda a humanidade; do engodo que o estrangeiro lá presente na realidade estaria protegendo a vida humana sobre a terra, inclusive os brasileiros; e da ilusão que os índios estariam finalmente protegidos contra o genocídio.
E para consternação de todos nós brasileiros, não é exatamente o que se vê nos dias de hoje?
Observa-se um esforço internacional no sentido de convencer o mundo da justiça da intervenção, voltada para o desmantelamento dos valores nacionais, para a desmoralização da sociedade e perda da soberania na Amazônia.
A luta do país pela “Defesa da Amazônia” terá que ser ganha, em primeiro lugar, na mente dos brasileiros, fazendo que eles não aceitem a ingerência dos países desenvolvidos.
O problema de soberania choca-se com a desinformação da população, que tem um nível de percepção pequeno da necessidade de Defesa da Amazônia. Em face das pressões internacionais, seria relevante considerar gestões com o escopo do “Convencimento e Mobilização Política da População” para a Defesa da Nossa Soberania em todos os Campos do Poder. Hoje a internet permite que, após um planejamento bem elaborado, transformações sejam alcançadas em tempo real.
A Amazônia não é o problema, ela é a solução.E, sendo assim, é inadiável a união de todos os brasileiros, poderes da república, partidos políticos, numa convergência e harmonização de esforços visando a utilização e o desenvolvimento sustentável amazônico, que permita um viver condizente, saudável e amistoso com as demais nações, parece ser uma boa política.
A Defesa da Amazônia é um “Interesse Vital da Nação Brasileira”,bem como a liberdade para tomada de decisão dos Poderes da República no campo interno e das relações internacionais.
Para tanto, toda a NAÇÃO deve ser MOBILIZADA em torno de um GRANDE PLANO que envolva todos os campos e seguimentos do PODER NACIONAL, visando o aproveitamento técnico e sustentado dos recursos da AMAZÔNIA E SUA DEFESA.
[1]Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
[2] https://www.defesanet.com.br/toa/noticia/32009/CORREDOR-TRIPLO A–A-Nova-Ameaca-a-SOBERANIA-BRASILEIRA-NA-AMAZONIA
[3] Gen Ex José Bendito de Barros Moreira.
[4] Ney Coe De Oliveira, “Mitos sobre a Amazônia, 1991.