O Exército dos Estados Unidos está treinando com novos óculos de visão noturna que parecem saídos diretamente de um videogame. A nova tecnologia de realidade aumentada, que foi aplicada no equipamento, permite que as incursões sejam muito mais eficientes em ambientes com pouca ou nenhuma luz.
Desde o início do ano, as forças armadas estadunidenses têm divulgado uma série de vídeos em que é possível ver soldados, objetos e locais contornados por uma luz branca brilhante. Para um desavisado, não é difícil confundir as cenas do treinamento militar com um gameplay de “Halo” ou outro jogo de guerra no espaço.
O modelo utilizado nos testes é o ENVG-B, um equipamento desenvolvido pela divisão dos Estados Unidos da empresa israelense Elbit Systems, e faz parte de um esforço de alguns anos do exército dos EUA para modernizar suas ferramentas militares. O dispositivo é montado no capacete dos combatentes e mistura imagens térmicas com recursos de realidade aumentada.
“Ele traz recursos de jogos aos quais as crianças estão acostumadas nos videogames. Agora, eles vão usá-los quando se juntarem às nossas forças militares”, declarou o vice-presidente da Elbit Systems, Erik Fox, ao The Washington Post.
O que há de novo?
A principal novidade dos óculos é a mudança nas imagens esverdeadas típicas dos equipamentos de visão noturna tradicionais, que podem causar fadiga ocular e cansaço nos soldados. A nova tecnologia é mais agradável aos olhos, além de fornecer mais clareza, o que torna potenciais alvos mais visíveis através de nuvens de fumaça ou neblina, por exemplo.
“Óculos de visão noturna com o tom verde parecem legais e tudo, até que você os use a noite toda”, disse o líder de um pelotão de infantaria, Blake Gaughan. “Se você está executando operações noturnas contínuas, isso apenas lhe dá dor de cabeça”, completou o combatente, que é um dos que estão treinando com os novos óculos.
Brinquedo caro
Os equipamentos começaram a ser enviados pela Elbit às forças armadas estadunidenses no ano passado. Os valores totais da negociação não foram divulgados, mas o valor do contrato pode ser de até US$ 422 milhões (R$ 2,24 bilhões).
O funcionamento dos dispositivos se dá amplificando a luz existente, seja da lua, estrelas ou fontes no solo, onde o equipamento detecta pequenas quantidades de fótons que são refletidos em objetos que, aparentemente, estão no escuro. Em seguida, esses fótons passam por uma superfície interna projetada para converter luz em elétrons, que são amplificados ao atingir uma placa de vidro que tem milhões de orifícios minúsculos.
Por último, eles passam por uma tela revestida com fósforo para criar uma imagem. O fósforo verde já é usado em tecnologias de visão noturna, contudo o novo dispositivo usa fósforo branco, que produz imagens em preto e branco, que, segundo os oficiais, cria mais contraste e clareza à noite.
Os novos modelos também possuem uma sobreposição de realidade aumentada, que pode exibir instruções de navegação e mapas, além de possibilitar a conexão sem fio com outros soldados do mesmo pelotão. Assim, ao ver um objeto ou possível alvo, o soldado pode marcá-lo e enviar para que seja visualizado nos óculos de um outro combatente.