PAOLA CARVALHO
As exportações da novata CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), uma parceria da alemã ThyssenKrupp (73,13%) com a Vale (26,87%), já ultrapassaram as de gigantes tradicionais do setor siderúrgico brasileiro, como Gerdau Açominas, Usiminas e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
A siderúrgica, situada em Santa Cruz, oeste do Rio, iniciou os embarques em setembro de 2010 e já é a segunda maior exportadora de aço do Brasil, atrás apenas da ArcelorMittal Brasil.
No primeiro trimestre, somou US$ 362,5 milhões em vendas externas -desempenho que a colocou no 20º lugar no ranking das 40 maiores empresas exportadoras do país, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
No mesmo período, a ArcelorMittal Brasil ocupou o 17º lugar, com US$ 383 milhões. A Gerdau Açominas aparece na 22ª posição (US$ 355,3 milhões), a Usiminas, na 28ª (US$ 282 milhões), e a CSN, na 39ª (US$ 217,5 milhões).
E a expectativa do vice-presidente financeiro da CSA, Rodrigo Tostes, é alcançar a quinta posição do ranking geral das empresas brasileiras no próximo ano.
"Ao final de 2012, quando a usina estiver operando com o total da capacidade instalada [5 milhões de toneladas/ano], a previsão é exportar de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões", diz.
Tendo como referência o resultado acumulado em 2010, significaria dizer que à frente da CSA estariam só Vale (US$ 24 bilhões), Petrobras (US$ 18,2 bilhões), Bunge (US$ 4,3 bilhões) e Embraer (US$ 4,2 bilhões).
Esse cenário estaria garantido para a CSA, segundo o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, já que a "siderúrgica foi idealizada para exportar placas para as unidades da ThyssenKrupp". Do total produzido, Tostes confirmou que 60% vão para a ThyssenKrupp dos EUA, e 40%, para a da Alemanha.
DEMANDA DOMÉSTICA
O analista Felipe Reis, do Santander, acredita que a CSA possa seguir a trajetória da ArcelorMittal Tubarão (antiga CST), instalada no Espírito Santo, visto que a demanda de aço do Brasil é crescente e não há investimentos para ampliação significativa da atual capacidade instalada do país.
"No primeiro momento, esse aço produzido pela CSA [placas] não compete com o aço da Usiminas e da CSN [laminados]. Acontece que, por um investimento marginal, é consenso que, daqui a algum tempo, ela pode instalar um laminador e participar do mercado doméstico. É a história da CST, que também já foi uma mera produtora de placas para exportação", diz.
Rodrigo Tostes afirma que o "atual desafio" da CSA é chegar a 5 milhões de toneladas ao ano e que não há nenhum outro investimento em análise. Diz, contudo, que no complexo "existe espaço físico para expansão".