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COVID-19: o novo desafio global

Cap José Theógenes Cronemberger Guimarães Filho


Em 31 de dezembro de 2019, surgiu na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, um surto de pneumonia de causa desconhecida. Esse fato desencadeou uma investigação pelo país de tal forma que as autoridades sanitárias de Wuhan informaram à Organização Mundial de Saúde (OMS) a presença de um conglomerado de 27 casos de Síndrome Respiratória Aguda de etiologia desconhecida, estabelecendo um possível vínculo com o mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, o qual também vendia animais vivos.

Com a progressão da doença na China e em 165 países, a OMS declarou, em 11 de março de 2020, que a doença (COVID-19) causada pelo SARS-CoV-2 tinha se tonado uma pandemia. Até 19 de março de 2020, tínhamos 242.191 casos confirmados no mundo com 9.843 óbitos, sendo a Itália o país com o maior número de mortes, uma vez que concentra a 2ª maior população de idosos no mundo.

Provavelmente, esse quantitativo de casos é subdimensionado, pois diversos países, incluindo o Brasil, estão testando apenas os pacientes que apresentam o quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), visto que testar todas as pessoas sintomáticas não altera estratégia de saúde quando se evidencia transmissão sustentada em um determinado país.

O período de incubação é de aproximadamente cinco dias. Presume-se que o tempo de exposição ao vírus e o início dos sintomas aconteçam por volta do 5º / 6º dia, sendo que os sintomas podem aparecer em até duas semanas ou até mesmo desenvolver a forma assintomática.

A clínica pode variar desde casos assintomáticos, casos de infecções de vias aéreas superiores semelhante ao resfriado, até casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória aguda, a SRAG.

Crianças de pouca idade, idosos e pacientes com baixa imunidade podem apresentar manifestações mais graves. Alguns vírus de transmissão aérea são altamente contagiosos, como o sarampo, enquanto outros são menos. O COVID-19 tem grau de contágio entre 2 e 3, sendo considerado moderado; o sarampo, por exemplo, tem grau de contágio entre 12 e 18 (muito alto) e é transmitido de pessoa para pessoa por contato com fluidos corporais como saliva, fezes e urina.

Recomenda-se que as precauções e os isolamentos sejam adotados. Quanto à gravidade, devemos acompanhar a evolução da pandemia. Pelos dados iniciais publicados, a estimativa inicial é de que a letalidade seja em torno de 3%, sendo inferior a do SARS-CoV (8%) e do MERS-CoV (35%).

De uma forma geral, a principal forma de transmissão dos coronavírus se dá por contato próximo de pessoa a pessoa.

DEFINIÇÕES DE CASO

Definição de Caso de Síndrome Gripal (SG)

Indivíduo com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse OU dor de garganta E com início dos sintomas nos últimos 7 dias.

Definição de Caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)

Indivíduo internado com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse OU dor de garganta E que apresente dispneia OU saturação de 0 2< 95% OU desconforto respiratório OU que evoluiu para óbito por SRAG independente da internação.

Caso confirmado de SRAG pelo SARS-Co V-2

Caso de SRAG com confirmação laboratorial para o coronavírus SARS-CoV-2.

 A maioria dos casos de Síndrome Gripal relacionados ao SARS-CoV-2 é sintomático leve ou assintomático. A evolução para SRAG depende de vários fatores como: idade, doenças preexistentes, situação social. A letalidade entre idosos chega a 15%.

No momento atual, não temos tratamento definitivo ou vacina. Alguns protocolos internacionais colocam o uso de hidroxicloroquina (medicamento para malária), azitromicina, lopinavir + ritonavir (medicamento para HIV), redemsivir (antiviral testado para Ebola).

Não há evidências científicas que o uso frequente de vitamina C, zinco, ozônio ou injeção de vitaminas tenha papel na prevenção da infecção.

A melhor forma de se prevenir contra a infecção pelo coronavírus é a lavagem frequente das mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos, especialmente antes de ingerir alimentos, após utilizar transportes públicos e após visitar locais com grande fluxo de pessoas, como mercados, shopping, cinemas, teatros, aeroportos e rodoviárias.

Se não tiver acesso à água e ao sabão, use álcool em gel a 70%.  Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos e outros utensílios.  Evitar tocar mucosas dos olhos, nariz e boca sem que as mãos não estejam higienizadas. Proteger a boca e nariz com um lenço de papel (descarte logo após o uso) ou com o braço (e não as mãos) ao tossir ou espirrar.

Sobre o autor: Capitão Médico José Theógenes Cronemberger Guimarães Filho é médico formado pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (2005), médico infectologista com Residência Médica pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco (2011). Formado pela Escola de Saúde do Exército em 2012. Estágio em Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear pela EsIE (2013) e Curso de Proteção Radiológica Básica pelo IME (2013). Atuou no Hospital de Campanha instalado pelo Comando Militar do Nordeste (CMNE) na Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo (2014), Força de Pacificação do Complexo da Maré (2015) e nas ações de apoio às enchentes no Estado de Pernambuco e no Estado de Alagoas. Atualmente serve como infectologista no Hospital Militar de Área de Recife ocupando as funções de Chefe do Posto Médico do HMAR, Chefe do serviço de Infectologia, CCIH e Coordenador do Comitê de Prevenção e Controle do HIV/AIDS das Forças Armadas/MD em Pernambuco. Foi promovido ao posto de capitão em 25/12/2019.

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