A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal, presidida pelo senador Lasier Martins (PDT/RS), realizou, na tarde desta sexta-feira (1º), em Porto Alegre, a primeira audiência pública do Ciclo de Debates sobre a Realidade da Pesquisa e Inovação no Brasil. O encontro, que ocorreu na Assembleia Legislativa, contou com a participação de representantes da comunidade acadêmica, da iniciativa privada, do governo e do Parlamento gaúcho. “Nosso objetivo é verificar a quantas andam a pesquisa científica e a inovação no Brasil, partindo da realidade do Rio Grande do Sul, que é o primeiro Estado a sediar este ciclo de debates.
O propósito é ambicioso, mas indispensável para que o País possa entrar na competição mundial, gerando empregos, tributos e qualidade de vida”, afirmou Lasier na abertura do evento.
Segundo o senador, os dados disponíveis estão desatualizados, há falta de planejamento e os recursos para o setor são escassos porque as verbas dos fundos setoriais de desenvolvimento científico e tecnológico têm servido para tapar buraco de outros setores governamentais. Ele revelou que a Comissão de Ciência e Tecnologia vem realizando o rastreamento dos recursos dos fundos setoriais, que somam cerca de R$ 5 bilhões ao ano, mas apenas 13% desses recursos chegam ao seu destino.
O senador também apresentou projeto, pronto para ser votado na Comissão de Assuntos Econômicos, que impede o contingenciamento de recursos destinados à pesquisa científica e tecnológica.
O recente debate da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado estabeleceu um fator comum: a necessidade de aumentar a cultura empreendedora para que a ciência e a tecnologia geradas a duras penas em nosso país e, principalmente, com recursos públicos possa dar retorno para a sociedade. Este resultado só pode vir de uma forma: com o sucesso de empresas que gerem lucro, impostos e empregos de nível diferenciado e de alto valor.
O estado do Rio Grande do Sul é exemplo no Brasil tentando aproveitar as oportunidades no tema da inovação. Temos vários parques tecnológicos e dois deles que estão entre os melhores do país. Ali, trabalham quase 10 mil pessoas, inseridas num local de íntima interação entre empresas e universidades como a UNISINOS e a PUC.
Países que se destacam em inovação têm fundamentos que, no Brasil, recém começam a se consolidar: promovem empreendedores e empresas, promovem o capitalismo e educação aberta, principalmente a de cunho fundamental focando em matemática, física e línguas, a nativa e, geralmente, o inglês. Educa-se com fundamentação liberal e sem cacoetes ideológicos, educa-se para a vida, para a competição saudável e não para “ideias especiais”.
Abundância de recursos públicos direcionados para ciência e tecnologia não compõe iniciativa suficiente para que um país explore a inovação. É condição importante, necessária, mas insuficiente. Além disso, precisa-se de um tecido adequado para costurar um ambiente que permita o aparecimento de empreendimentos inovadores. Empresas novas, fundadas por empreendedores movidos pelo conhecimento técnico e de mercado, são células essenciais.
Gerar “start ups” é uma missão de toda e qualquer organização (estatal ou privada) que esteja engajada em promover a inovação em nosso meio. Esta, por sua vez, apresenta-se como alternativa primordial na recuperação econômica do Brasil, em qualquer setor de atividade, gerando uma riqueza que muito mais depende da apropriação de conhecimento do que o simples investimento em ativos físicos que serão consequência e não causa de uma nação que se quer ver competitiva.
Fonte: Conselho de Inovação e Tecnologia Gerência Técnica – GETEC