Júlio Ottoboni
A empresa Climatempo, que mantém no Parque Tecnológico de São José dos Campos um laboratório de pesquisa e desenvolvimento estuda a criação de sistemas de previsão meteorológica de curtíssimo prazo. O sistema será responsável por emitir alertas pontuais de tempestades com antecedência mínima para evacuação e interdição de áreas. O prazo previsto, inicialmente, para esses procedimentos é de até 3 horas tanto para casos de tempestades como de chuvas intensas.
“Esse é um dos nossos projetos que pretendemos em breve estar colocando no mercado”, informou a diretora de pesquisas e desenvolvimento do laboratório local, Gilca Palma. A meteorologista responsável pelo laboratório instalado no parque tecnológico do Vale do Paraíba explicou que essa é uma das prioridades da empresa, considerada a maior consultoria do país em sua área de atuação.
A Climatempo deverá firmar nos próximos meses parcerias técnicas com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), órgão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais ( Cemaden). As tecnologias envolvidas tanto por parte da empresa quanto das entidades estatais devem acelerar o processo para uma previsão com maior eficiência no acerto e com prazos mais dilatados.
Esse serviço estará disponível para diversas prefeituras e órgão, inclusive para São José dos Campos (SP), A administração local montou uma operação especial para atender as ocorrências provocadas pelas fortes chuvas que atingiram a zona norte.
Na madrugada do primeiro domingo de março, quatro pessoas morreram soterradas na região, a mais montanhosa da área urbana e que já faz parte do complexo da Serra da Mantiqueira, quando parte do morro desmoronou e atingiu o local onde havia sido construída a casa. As vítimas ocupavam um imóvel irregular, edificado em uma área de encosta sujeita a deslizamento. Com as chuvas intensas, um grande volume de terra se deslocou encobrindo a residência.
Com esse novo sistema, as tempestades ocorridas no Sul do país, por exemplo, se saberá com maior precisão o local onde poderão ocorrer, o volume e a intensidade das chuvas, o período do dia e quais as possíveis consequências do fenômeno em áreas propensas a alagamentos, deslizamentos e enxurradas.
No Brasil ainda inexiste um sistema de alerta contra a presença de tornados, mas esse novo projeto que já vem sendo desenvolvido pela Climatempo poderá levar a se ter o primeiro sistema de anúncio coletivo da presença deste que é um dos mais avassaladores fenômenos da natureza produzidos por uma tempestade. Uma grande faixa da região Sul, Sudeste e Centro-Oeste do território nacional está dentro de um corredor de tornados.
Estudos recentes, desenvolvidos pela Unicamp, apresentaram o Brasil como o segundo maior detentor de tornados no mundo. Apesar de ser um fenômeno típico das tempestades de meia estação, neste ano a frequência aumentou consideravelmente em relação aos verões passados. E também apresentaram outra característica, seu alto poder destrutivo.