Cezar Benevides*
Noam Chomsky, destacado professor de linguística e filosofia do MIT/USA, no seu livro Quem manda no mundo? (São Paulo: Planeta, 2017) afirma que a China está empenhada em construir uma “versão modernizada” da antiga Rota da Seda com o principal objetivo de alcançar as regiões produtoras de petróleo do Oriente Médio.
Trata-se de uma rodovia cujo destino final será um novo porto, também construído pelos chineses, localizado em Gwadar, no Paquistão. Ela dificultará a interferência norte-americana na região. Por incrível que pareça fazemos parte dessa geopolítica, pois o Estado de Mato Grosso do Sul ocupa posição estratégica no mapa das rotas que unem o oceano Atlântico ao Pacífico, sendo um centro natural de distribuição de produtos para os mercados da América Latina e Ásia.
Estamos tentando organizar um seminário mostrando que o fator preponderante para o desenvolvimento do Brasil está no ensino das engenharias. Sabemos que menos de 10% dos jovens brasileiros se formam em algum desses cursos superiores, contra cerca de 20% dos países avançados.
O que fazer agora quando o país está começando a pensar no seu futuro? Há maneiras de olhar para o mundo a partir de diferentes pontos de vista. A Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo (Faeng) da UFMS e a Faculdade de Ciências Humanas (FACH) colocaram na pauta um projeto para um seminário internacional denominado “A engenharia brasileira entre o passado e o futuro”.
O foco é avançar em estudos recuando à análise de algumas obras estruturantes realizadas no Brasil durante a Revolução de 1930. Resolvi contribuir com a minha pequena parte ativa para a realização desse seminário internacional em meados de 2018.
Está valendo a pena o esforço. A crise atual está servindo para fazer reviver a ideia de que a integração planetária é a verdadeira base do mundo globalizado. Sendo assim, a pesquisa e a educação técnica precisam andar de mãos dadas, a conquista de conhecimentos novos e a sua ampla divulgação também.
O livro Memorial do Doutor Ítalo, apontamentos de um engenheiro, oferece um conjunto de projetos norteadores de um novo paradigma que rompeu com os ideais da República Velha.
Como mediador do seminário preliminar (em outubro de 2017) convidei o jovem e competente professor, formado em Física pela UFMS, Miguel Greco, para levantar alguns aspectos sobre o currículo obrigatório da educação básica.
A propósito do ensino de engenharias, além dos nossos professores, estou convidando ilustres docentes do Instituto Militar de Engenharia (IME), do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e pesquisadores da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FDDS).
A Secretaria de Infraestrutura do governo do Estado do Mato Grosso do Sul terá espaço destacado. De modo que quando o resultado do seminário chegar em Brasília, com a Carta de Campo Grande, estaremos escolhendo nas urnas o próximo Presidente da República e Governadores para os Estados da Federação. Acredito, finalmente, que não existe nenhuma razão para pessimismo sobre o futuro do Brasil.
*Cezar Benevides é Professor Aposentado Da UFMS