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Brasil Nuclear – Programa nuclear brasileiro atrai multinacionais

Joe Leahy

Com seu vasto potencial hidroenergético, o etanol e os recursos petrolíferos, o Brasil pode não parecer a próxima fronteira para a indústria nuclear mundial. Mas o crescimento acelerado da economia do país, as mudanças demográficas – com uma classe média cada vez maior consumindo mais energia – e a necessidade de diversificação do mix energético, levaram o Brasil a anunciar uma agressiva de expansão de seu incipiente programa nucelar.

"O programa nuclear brasileiro contempla a construção de mais oito usinas nucleares, e para isso os estudos de localização já começaram", informou o Brasil no ano passado à Agência Internacional de Energia Atômica.

Os ambiciosos planos do país para o setor, que continuam de pé apesar do desastre em Fukushima, despertam o interesse de muitas das maiores empreiteiras do setor. Elas são lideradas pela Areva e GDF Suez da França, que afirmam que a EDF, a maior geradora de energia nuclear do mundo, também pode estar interessada.

"Há uma demanda enorme no Brasil e temos o "know how" e capacidade para atender essa demanda", diz a GDF Suez, que já é a maior geradora privada de eletricidade do Brasil. "Temos presença de longa data no Brasil e acreditamos que o país oferece um modelo regulador estável e acolhedor para o desenvolvimento de projetos de geração de energia."

O desenvolvimento do setor também se estende à mineração de urânio, com o país marchando para aumentar em seis vezes a produção do mineral e assim manter o ritmo de sua planejada expansão da produção de energia nuclear.

A energia nuclear responde por 3% da geração total de energia pelo Brasil – a partir de dois reatores, Angra 1 e Angra 2, localizados no Rio de Janeiro, com capacidade total de aproximadamente 2.000 megawatts (MW).

Segundo a Areva, "o país domina virtualmente todas as tecnologias nucleares". Além da operação de usinas, o Brasil possui 158 mil toneladas de urânio, ou 6% das reservas convencionais mundiais, segundo a companhia francesa.

O país pretende colocar as novas usinas em operação nos próximos 19 anos. No momento está construindo o projeto Angra 3, de água leve e 1.400 MW. Ele deve entrar em operação em 2015, ao custo de R$ 9,95 bilhões.

A Eletronuclear, subsidiária da estatal Eletrobras, diz que o melhor exemplo de investimento estrangeiro em Angra 3 é a Areva, que investiu € 1,1 bilhão (US$ 1,5 bilhão) no fornecimento de equipamentos e engenharia.

"Muitas companhias estrangeiras já ofereceram seus serviços para Angra 3, mas obviamente todos os contratos estão sujeito a um processo de licitação que está em andamento ou deve ocorrer", diz a companhia.

Para alimentar essas usinas, a Indústrias Nucleares do Brasil planeja dobrar a produção de urânio em sua mina de Caetité, no norte da Bahia, para 800 toneladas ao ano e começar a produzir 1.500 toneladas por ano em 2017, com a ajuda de uma nova mina no estado do Ceará, informou a companhia.

Um relatório recente diz que as reservas conhecidas do Brasil poderão triplicar de tamanho com a exploração adicional, o que colocaria o país no mesmo patamar da Austrália e do Cazaquistão em termos de depósitos de urânio.

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