PAOLA CARVALHO
O avanço maior da procura em relação à oferta, e o consequente aumento de preço, fará com que a produção brasileira anual de minério de ferro mais do que dobre em cinco anos.
A produção saltará dos atuais 370 milhões de toneladas para 787 milhões em 2015, diz o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
"Há um deficit no mercado transoceânico de 100 milhões de toneladas até 2012", diz o presidente do Ibram, Paulo Camillo Penna.
E, de acordo com ele, esse cenário de oferta apertada vai persistir por conta da reconstrução do Japão, depois do terremoto, e do "fenômeno de urbanização global".
A projeção de expansão da produção brasileira leva em consideração os investimentos anunciados, até o momento, para o período en- tre 2011 e 2015, que somam US$ 44,97 bilhões (R$ 71,78 bilhões).
Os recursos destinados à cadeia do minério de ferro representam 66% do montante previsto para todo o setor mineral: US$ 68,5 bilhões (R$ 109,3 bilhões).
VALE
A entrada de novos investidores no país, como AngloAmerican, Ferrous e Bamin, e a aposta das side- rúrgicas, a exemplo da Usiminas e da Gerdau, em produzir a sua própria matéria-prima será responsável pela redução da concentração.
Em 2010, ano em que o país produziu 370 milhões de toneladas, de acordo com o Ibram, a produção da Vale foi de 307,8 milhões de toneladas, ou 83,2%.
O instituto prevê que o Brasil atingirá 787 milhões de toneladas em 2015, ano em que a mineradora informa que planeja alcançar 522 milhões de toneladas.
Com esse desempenho, a participação da mineradora diminuiria para 66,3%.
A diversificação é positiva, na avaliação de Penna.
"Temos diferentes tipos de teor de minério sendo oferecidos, 44% na Bahia e 22% no norte de Minas, por exemplo. Amplia-se o escopo de produtos e há compradores para esses diferentes tipos", afirma.
Para Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, é natural que a Vale reduza sua participação. "Siderúrgicas estão investindo para aumentar a capacidade de produção de minério de ferro e reduzir a dependência. A Vale é exportadora e a China continuará sendo seu maior cliente."
O último relatório da companhia informa que a sua produção, que inclui a performance de todos os minerais e metais, deve "mais que dobrar até 2015, crescendo à taxa média anual de 16,3%".
O índice é superior ao ritmo de 9,8% por ano registrado entre 2003 e 2008.
Segundo o Ibram, depois do minério de ferro, a exploração de níquel é a que receberá maior volume de recursos (US$ 6,5 bilhões, R$ 10,4 bilhões), seguida pelos projetos de alumínio, potássio, cobre, ouro e fosfato.
Os investimentos estão espalhados. Minas Gerais concentra 37% do total. O Pará vem logo atrás, com 35%.