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A segurança das usinas nucleares brasileiras

O acidente na usina nuclear de Fukushima, após o terremoto e o maremoto de grandes magnitudes que devastaram uma extensa área costeira do Nordeste do Japão, certamente provocará expressivas mudanças no setor, no que se refere à segurança operacional dessas instalações. Usinas nucleares, especialmente as mais modernas, são projetadas para enfrentar situações ultra-adversas. O Japão, por exemplo, tem 44 usinas, e, se tais centrais não fossem preparadas para conviver com terremotos, um enorme desastre já teria acontecido antes de Fukushima.

A maioria dos reatores em funcionamento precisa de água para resfriamento. Por isso, geralmente estão instaladas junto ao mar ou a rios, o que implica adoção de sistemas de segurança que evitem ou contenham qualquer tipo de vazamento radioativo. É aconselhável também que não estejam distantes dos centros de consumo, para maior aproveitamento da energia gerada e até para melhorar a qualidade da eletricidade que chega aos consumidores. E o ideal é que à volta das usinas não haja concentrações populacionais, exatamente pelo caso da hipótese remota de um acidente permitir rápida retirada de funcionários e das pessoas que estiverem próximas. As primeiras usinas nucleares brasileiras atenderam a esses critérios. Em um raio de cinco quilômetros em volta da Central Nuclear Almirante Alberto, quase na divisa de Angra e Paraty, os núcleos urbanos são constituídos de poucos moradores, incluindo as vilas construídas para empregados da Eletronuclear — na época da construção de Angra 1 não havia quase infraestrutura local capaz de abrigar aqueles que iriam trabalhar na usina. Isso tem facilitado as simulações de planos de emergência, obrigatórios no caso de usinas nucleares.

Com a construção da central, foi possível preservar as áreas vizinhas, reduzindo os riscos ambientais decorrentes da intervenção humana. Essas áreas são monitoradas com rigor. Testes com o material recolhido na natureza podem detectar quaisquer variações de radioatividade na região, como os causados pela própria natureza. Todo esse cuidado não desobriga as autoridades brasileiras e os responsáveis pela operação das usinas nucleares de rever os sistemas e procedimentos de segurança dessas instalações. O que aconteceu em Fukushima serve de alerta para correção, reforço ou aprimoramento de pontos que se mostraram falhos em situações extremas, para as quais usinas nucleares devem estar sempre preparadas (a segurança é o custo que mais onera esse tipo de energia, mas não há como se abrir mão dela). A indústria nuclear precisa ser repensada a partir desse grave acidente, até porque permanece como uma das mais importantes opções energéticas para o futuro.

No Brasil, a energia nuclear deverá ser sempre complementar, em face da disponibilidade de outras fontes. Porém, o país certamente terá de recorrer a ela à medida que se desenvolve, e os demais aproveitamentos hidráulicos e térmicos escassearem. O desempenho das duas usinas brasileiras tem se destacado no ranking internacional do setor. O longo aprendizado na absorção de tecnologia, construção e operação das usinas nucleares credenciou o país a prosseguir nesse caminho de maneira segura, e prova disso que as obras de Angra 3 estão avançando.

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