Julio Shidara, presidente da AIAB, participou do programa CBN na Rede, da rádio CBN Vale. O tema da entrevista foi “A importância e o papel da ciência brasileira no setor aeroespacial”.
Dentre os assuntos abordados, Julio destacou que o Brasil vive hoje um cenário de dependência quase que total de satélites estrangeiros para oferecer serviços essenciais e básicos a seus cidadãos, fato que compromete a soberania nacional.
“Assim como nos Estados Unidos, onde 14 de um total de 16 sistemas de infraestruturas críticas dependem do sinal de tempo do GPS para funcionarem, no Brasil, serviços como fornecimento de energia elétrica, meios de transferência e pagamentos eletrônicos, internet, TV, comunicação, dentre outros, poderiam deixariam de funcionar se viesse a faltar acesso ao sinal de GPS”, alertou Julio.
O GPS (Global Positioning System), norte-americano, é um dos 4 sistemas PNT (Posicionamento, Navegação e Temporização), de cobertura global, atualmente existentes, além do Beidou chinês, do Glonass russo do Galielo europeu.
Sobre as possíveis causas do subfinanciamento do Programa Espacial Brasileiro (PEB), Julio foi enfático, apontando como causa principal a falta de conscientização dos tomadores de decisão da grande e indesejável dependência atual da sociedade e da economia brasileiras de infraestrutura espacial estrangeira.
“Sem uma infraestrutura espacial própria nas várias áreas de aplicação, o Brasil sempre dependerá de terceiros países, podendo ficar sujeito a interesses estrangeiros em detrimento de interesses nacionais, com comprometimento da soberania nacional”, destacou Shidara.
Como visão prospectiva positiva, o presidente da AIAB compartilhou sua convicção de que vivemos um momento ímpar, que representará um divisor de águas na trajetória do PEB (Programa Espacial Brasileiro). As maiores subvenções econômicas para a indústria da história da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), com recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), foram destinadas ao setor espacial nos últimos anos, para desenvolvimento de um satélite ótico de observação da Terra de alta resolução, veículos lançadores de pequeno porte para lançamento de nanossatélites em órbita baixa e um veículo acelerador hipersônico.
“Esses desenvolvimentos colocarão a indústria espacial brasileira num outro patamar de maturidade tecnológica e competência. Em havendo continuidade dos investimentos, é questão de tempo reduzirmos gradativamente a dependência atual de satélites estrangeiros e a indústria espacial brasileira tornar-se, também, protagonista global, assim como a respeitada indústria aeronáutica brasileira”, concluiu Shidara.