Por – Tim Fernholz, texto do Defense One
Tradução, adaptação e edição – Nicholle Murmel
A Força Aérea Americana anunciou ontem (26) que concedeu à empresa SpaceX permissão para enviar ao espaço artefatos de segurança nacional desde satélites espiões a drones misteriosos, colocando fim ao monopólio da United Launch Alliance (ULA) – joint-venture da Boeing com a Lockheed Martin.
A manobra é mais um marco na evolução da SpaceX de uma startup para uma empresa de serviços aeroespaciais propriamente dita, e conseguiu um grande cliente para o foguete Falcon 9, que pode transportar cargas de várias toneladas até órbitas geo-estacionárias ou próximas da Terra. A companhia já realizou com sucesso 18 missões com o foguete, tanto para a NASA quanto para clientes particulares, mas lançamentos de itens de segurança nacional, como os da USAF, costumam exigir mais garantias técnicas, de segurança e confidencialidade.
O processo de certificação foi, no mínimo, conflituoso. Mesmo com 150 militares da Força Aérea trabalhando junto aos engenheiros e programadores da SpaceX para certificar o sistema de lançamento, os lobistas e advogados da empresa declararam uma guerra aberta à ULA e à USAF nos corredores do Congresso e do Pentágono a fim de convencer as instituições de que o serviço mais em conta da SpaceX deveria ser uma opção para os militares.
Após a Força Aérea conceder à ULA um contrato de 11 bilhões de dólares com duração de vários anos, apesar da promessa de que a oferta seria aberta a competição, a SpaceX processou o governo por conceção inapropriada do contrato. O fundador e CEO da SpaceX, Elon Musk, deu a entender que houve corrupção do processo. Em tempo, ambas as partes chegaram a um acordo que, segundo fontes da start-up forçou a USAF a abrir seus contratos efetivamente para competição.
A empresa também usou argumentos geopolíticos contra a concorrente, enfatizando a que a ULA depende de motores de fabricação russa para seus foguetes – um grande demérito em tempos de tensão cada vez maior entre os Estados Unidos e a Rússia de Vladimir Putin.
Após a certificação, Tanto a Força Aérea quanto a SpaceX parecem dispostas a deixar para trás qualquer ressentimento.
“A acenção da SpaceX como um provedor comercialmente viável de sistemas de lançamento abre oportunidade para a competição entre serviços pela primeira vez em quase 10 anos”, disse a secretária da USAF, Deborah Lee James, em comunicado. “No fim das contas, a concorrência no mercado espacial leva à diminuição dos custos para o contribuinte americano e aprimora a resiliência do nosso setor militar”, completa.
Já Elon Musk diz: “agradecemos à Força Aérea pela confiança e esperamos servir bem à instituição”.
A primeira oportunidade para a SpaceX concorrer a um contrato de segurança nacional deve vir no mês que vem, quando a USAF pedirá propostas para o lançamento da nova geração de satélites de posicionamento global.