Yolanda Monge
Rob O'Neill diz que lhe parece perfeito que as mulheres norte-americanas possam entrar em combate. Ele sabe do que fala. Afinal, é o homem que garante ter matado Osama Bin Laden como parte do grupo de Navy Seals que acabou com a vida do chefe da al-Qaeda em maio de 2011 no Paquistão.
Há poucos dias, ele foi entrevistado por um jornalista no canal de televisão “Fox” a respeito da nova norma, que permite às mulheres participar de qualquer unidade de combate militar dos EUA em vigor a partir do início deste ano. Como disse o secretário de Defesa norte-americano, Ash Carter, "não podemos nos dar ao luxo de amputar metade do talento do país".
Na entrevista, o jornalista Stuart Varney parecia não sair de seu assombro com a categórica resposta de O"Neill. Por isso, insistiu na pergunta:
— Você está me dizendo que se sente perfeitamente à vontade diante da ideia de entrar em uma situação de vida ou morte com uma mulher ao seu lado? perguntou Varney, arregalando ainda mais os olhos. Disseram-me que isso muda muito a dinâmica do grupo.
A resposta de O"Neill foi, no mínimo, original: — Pelo que sei, os jihadistas não temem a morte, mas temem ir para o inferno e se matam uma mulher, vão direto para o inferno.
Assim, como eu digo, "senhoras, preparem suas armas" declarou O"Neill, parafraseando John Wayne no filme “Iwo Jima – O Portal da Glória” (1949).
A administração militar está iniciando o processo de recrutamento de mulheres para postos de combate. Isso inclui até mesmo a unidade de elite Navy Seals, que o condecorado militar qualificou como o treinamento militar mais duro do mundo.
Sem mais "só homens”
A inclusão das mulheres em qualquer unidade de combate militar significa o fim do "só homens" que exibia com orgulho o corpo de marines (fuzileiros navais).
A Marinha confirmou que está recebendo solicitações de candidatas aos Navy Seals e poderia aceitá-las em um primeiro nível de treinamento em setembro e outubro.
Mas, como este é um processo longo, nenhuma mulher estará combatendo nas trincheiras antes de maio de 2017. Todos os ramos das Forças Armadas tiveram de fazer mudanças.
Algumas são tão básicas quanto adaptar os banheiros ou outras instalações para que possam ser usadas por mulheres e não deixem de lado os seus possíveis problemas médicos.
O risco de violência sexual também está sendo estudado. Todos esses planos estão sendo analisados por altas hierarquias do Pentágono, mas não são públicos. O que não será alterado é o treinamento. Os padrões para as mulheres serão os mesmos que para os homens. Por essa razão, O"Neill não vê problema em lutar ombro a ombro com uma mulher:
— Se ela puder superar o treinamento dos Seals, estará preparada.
Para as mulheres que pensarem em fazer carreira no corpo de elite, é importante saber que uma série de provas físicas são necessárias até mesmo antes de serem consideradas candidatas aos cargos militares.
Isso inclui fazer 100 flexões durante 2 minutos; 100 abdominais no mesmo tempo; nadar 500 metros em menos de 10 minutos ou correr 2,4 quilômetros em 9 minutos e meio.
Nota: corre-se com calças e botas. Esta é apenas uma parte do exame de entrada. Cerca de 75% dos homens que iniciam este processo jogam a toalha logo na primeira fase. No ano que vem, haverá um grande número de mulheres.