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UNODC – Relatório Mundial Homicídios


ONU News

O Brasil tem taxa de 30,5 homicídios a cada 100 mil pessoas, a segunda maior da América do Sul, depois da Venezuela, com 56,8. No total, cerca de 1,2 milhão de pessoas perderam a vida por homicídios dolosos no Brasil entre 1991 e 2017.

O país registrou taxas crescentes nos últimos anos, oscilando de 20 e 26 a cada 100 mil habitantes em 2012, para mais de 30 em 2017. No mesmo período, a Venezuela também viu aumento dramático, de uma taxa de 13 para 57 para cada 100 mil habitantes em 2017.

Um dos gráficos do estudo alertou para alto número de homicídios cometidos por policiais no Brasil na comparação com outros países das Américas. Segundo o UNODC, em 2015, a polícia brasileira assassinou 1.599 pessoas, na comparação com 218 em El Salvador, 442 nos Estados Unidos e 90 na Jamaica. No mesmo ano, 80 policiais foram mortos no Brasil, comparados com 33 em El Salvador, 41 nos Estados Unidos e oito na Jamaica.

Silhuetas de corpos desenhadas no Largo da Carioca alertam para assassinatos de jovens no Rio. Foto: TV Brasil

Em torno de 464 mil pessoas foram vítimas de homicídios no mundo em 2017, mais de cinco vezes o número registrado em conflitos armados no mesmo período, afirmaram pesquisadores das Nações Unidas nesta segunda-feira (8).

De acordo com um estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a América Central é a região mais perigosa para se viver, onde o número de homicídios cresce em alguns locais específicos para 62,1 a cada 100 mil habitantes, segundo dados de 2017.

O Brasil tem taxa de 30,5 homicídios a cada 100 mil habitantes, a segunda maior da América do Sul, depois da Venezuela, com 56,8. No total, cerca de 1,2 milhão de pessoas perderam a vida por homicídios dolosos no Brasil entre 1991 e 2017.

A Colômbia registrou uma dramática queda nas taxas de homicídio, de mais de 80 para cada 100 mil habitantes em 1991 para 25 a cada 100 mil em 2017. A baixa pode ser parcialmente atribuída à intensificação da ação estatal contra o tráfico de drogas no país, de acordo com o UNODC.

Por outro lado, o Brasil registrou taxas crescentes nos últimos anos, oscilando entre 20 e 26 a cada 100 mil habitantes em 2012, para mais de 30 em 2017. No mesmo período, a Venezuela também viu aumento dramático, de uma taxa de 13 para 57 para cada 100 mil habitantes naquele mesmo ano.

O relatório lembrou que, em números absolutos, Nigéria e Brasil, que respondem por cerca de 5% da população global, responderam por 28% dos homicídios no mundo.

Um dos gráficos alertou para alto número de homicídios cometidos por policiais no Brasil na comparação com outros países das Américas. Segundo o UNODC, em 2015, a polícia no Brasil assassinou 1.599 pessoas, na comparação com 218 em El Salvador, um dos países mais perigosos da América Central, 442 nos Estados Unidos e 90 na Jamaica. No mesmo ano, 80 policiais foram mortos no Brasil, comparados com 33 em El Salvador, 41 nos Estados Unidos e oito na Jamaica.

Regiões mais seguras

As regiões mais seguras estão em Ásia, Europa e Oceania, onde índices de homicídios são de 2,3; 3,0 e 2,8 para cada 100 mil pessoas, respectivamente. Os números são bem abaixo da média global de 6,1 para cada 100 mil habitantes, de acordo com o Estudo Global sobre Homicídios 2019, feito pelo UNODC.

A taxa de homicídios na África (13,0) é menor que nas Américas (17,2), que teve o maior índice em 2017 desde que coletas de dados confiáveis começaram, em 1990. No entanto, há lacunas significativas de dados para alguns países africanos.

Crime organizado representa quase um a cada cinco homicídios

Uma constante desde o começo do século é a ligação entre crime organizado e mortes violentas, de acordo com o relatório.

O crime organizado foi responsável por 19% de todos os homicídios em 2017 e “causou muito mais mortes em todo o mundo do que conflitos armados e terrorismo, combinados”, afirmou Yury Fedotov, diretor-executivo do UNODC.

Assim como conflitos violentos, o crime organizado “desestabiliza países, enfraquece desenvolvimento socioeconômico e corrói o Estado de Direito”, de acordo com o UNODC.

Segundo Fedotov, a não ser que a comunidade internacional adote medidas decisivas, “metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16, de reduzir significativamente todas as formas violentas e taxas de homicídios relacionadas até 2030, não serão alcançadas”.

Homens jovens correm mais riscos em todas as regiões

A partir de uma análise de gênero, o relatório do UNODC também mostra que meninos e meninas com nove anos ou menos estão mais ou menos igualmente representados em termos de números de vítimas. Em todas as outras faixas etárias, porém, os homens representam mais de 50% das vítimas, de acordo com dados de 41 países.

Em todas as regiões, a possibilidade de meninos se tornarem vítimas de homicídios aumenta com a idade. Meninos e homens entre 15 e 29 anos são os que mais correm risco de homicídio globalmente.

Nas Américas, por exemplo, a taxa de vítimas entre 18 e 19 anos é de 46 a cada 100 mil pessoas – bem acima de outras regiões. Armas de fogo também estão envolvidas “bem mais frequentemente” em homicídios nas Américas do que em outras regiões, segundo o relatório.

“Altos níveis de violência estão fortemente associados a homens jovens, tanto como autores quanto como vítimas”, de acordo com o relatório. “Programas de prevenção à violência devem focar em fornecer apoio a homens jovens para impedir que sejam levados a uma subcultura de (…) gangues e tráfico de drogas”.

Feminicídio é “muitas vezes ignorado”

Embora mulheres e meninas representem uma porcentagem bem menor de vítimas em relação aos homens, elas continuam lidando com os homicídios cometidos por parceiros íntimos ou por familiares, segundo o relatório. Mais de nove a cada dez suspeitos em casos de homicídio são homens.

“Assassinatos cometidos por parceiros íntimos são raramente espontâneos ou aleatórios”, disse Fedotov, destacando que o fenômeno frequentemente não é relatado e é “muitas vezes ignorado”.

Em tentativa de ajudar governos a responderem a homicídios, o relatório do UNODC identifica diversos impulsionadores do problema, além do crime organizado. Entre eles, estão a disponibilidade de armas de fogo, drogas e álcool, a desigualdade, o desemprego, a instabilidade política e os estereótipos de gênero.

Políticas específicas anticorrupção são necessárias

O estudo também destaca a importância de respostas à corrupção, de fortalecer o Estado de Direito e de investir em serviços públicos – especialmente em educação. Segundo o relatório da agência da ONU, estas são medidas “críticas” para reduzir crimes violentos.

Destacando o escopo mais amplo do relatório, que cobre da violência letal de gangues envolvendo armas de fogo às ligações com desigualdade e assassinatos relacionados a gênero, Fedotov afirmou ser possível responder à ameaça de redes criminosas através de políticas específicas.

Entre elas, estão a participação da comunidade e patrulhas policiais, assim como reformas políticas para fortalecer a confiança da população local nas autoridades.

Para jovens que já estão em gangues criminosas, é preciso ajudá-los com trabalhos sociais, programas de reabilitação e conscientização sobre alternativas não violentas.

Estes esforços podem ser mais eficazes se acontecerem em “certos países na América do Sul e Central, África e Ásia”, e “até mesmo em países com altas taxas nacionais de homicídios”.

O relatório destaca que intervenções locais podem ajudar a reduzir o crime, com exemplos positivos em território brasileiro que incluem Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

Nessas áreas foram implementadas medidas direcionadas de prevenção do crime que visam explicitamente lugares, pessoas e momentos associados a uma alta concentração de crimes.

Embora o estudo do UNODC mostre que o número de homicídios aumentou de quase 400 mil em 1992 para mais de 460 mil em 2017, o relatório explica que a taxa global real caiu (de 7,2 em 1992 para 6,1 em 2017) quando levado em conta o crescimento populacional.

Material

Para acesso a todos

 

Booklet 1: Executive summary

This booklet summarizes the content of the five subsequent substantive booklets by reviewing their key findings and highlighting a set of policy implications derived from the analyses presented in them

Booklet 2: Homicide: extent, patterns, trends and criminal justice response

This booklet constitutes the second part of the Global Study on Homicide 2019. It provides an overview of intentional homicide counts, rates and trends. Starting at the global level, the analysis turns to regional, subregional and national trends before the focus shifts to the subnational picture of homicide in selected locations where such data are available and patterns can be identified. Urban homicide patterns and urban homicide trends are examined as are the demographics of homicide victims and the sex of homicide perpetrators. The booklet ends with an overview of the criminal justice response to homicide. In-depth contributions by external experts feature throughout the booklet.

Booklet 3: Understanding homicide – typologies, demographic factors, mechanisms and contributors

Constituting the third part of the Global Study on Homicide 2019, this booklet provides an overview of the drivers of homicide and looks at the different typologies and mechanisms of homicide perpetration. The drivers of homicide are manifold and have to do with a number of factors: socioeconomic and environmental conditions, governance and the rule of law, political stability, demographics, and cultural stereotypes (particularly in relation to gender roles). Homicidal violence is also influenced by the availability of mechanisms such as firearms or sharp objects, and by the use and trafficking of psychoactive substances. The links between homicide and socioeconomic and environmental factors, along with the ways in which these factors may drive homicide or contribute to its containment, are analysed in booklet 4, which focuses on the interactions between homicide and development.

Booklet 4: Homicide, development and the Sustainable Development Goals

Constituting the fourth part of the Global Study on Homicide 2019, this booklet starts by examining the relationship between homicidal violence and level of development with reference to the Sustainable Development Goals. A macroanalysis of the extent to which homicide rates can be explained by national levels of development is then presented. The analysis is based on a set of models that incorporate the latest available homicide data and were designed to take into account the social and economic factors most strongly correlated with homicide rates across countries. Comparing the homicide rate predicted on the basis of a country's level of development with the actual homicide rate reported by that country helps to clarify how effective development policies can be instrumental in reducing homicidal violence.

Booklet 5: Gender-related killing of women and girls

Constituting the fifth part of the Global Study on Homicide 2019,this booklet gives an overview of the scope of gender-related killing of women and girls. It provides in-depth analysis of killings perpetrated within the family sphere and examines forms of gender-related killings perpetrated outside the family sphere, such as the killing of women in conflict and the killing of female sex workers. The booklet explores the scale of intimate partner/family-related killings of women and girls, and describes different forms of gender-related killings of women. It also looks at the characteristics of the perpetrators of intimate partner killings, the link between lethal and non-lethal violence against women, and the criminal justice response

Booklet 6: Killing of children and young adults

Violence against children is a multidimensional phenomenon that is often underreported; it can take many forms and is influenced by a wide range of factors, such as the personal characteristics of the victim and perpetrator and their cultural and physical environments. Such violence remains hidden in many instances because children are often afraid to report acts of aggression, and also because reporting mechanisms tend to be inaccessible or even non-existent. Children may also keep silent about the violence they suffer when it is perpetrated by parents and other family members, or by another figure of authority such as an employer, community leader or police officer. Lethal violence against children can occur in a continuum of violence, representing the culmination of various forms of violence that children may be subjected to in different settings. One of the targets of Sustainable Development Goal 16 on peace, justice and strong institutions is to "end abuse, exploitation, trafficking and all forms of violence against and torture of children".


 

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