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Unidades de elite da Colômbia desarticulam gangues de sequestros

Rosalía Santareno

A tropa de elite do Exército Nacional da Colômbia, o Grupo de Ação Unificada pela Liberdade Pessoal (GAULA), está utilizando trabalho de inteligência e treinamento altamente especializado para reduzir o número de sequestros e desmantelar grupos do crime organizado, afirmam autoridades.

Os membros do GAULA já resgataram dezenas de vítimas de sequestro nos últimos anos.

Desde a criação da unidade antissequestro pelas autoridades em 1990, houve uma forte redução do número de sequestros no país. Inicialmente, a unidade era conhecida como UNASE (Unidades Antiextorsão e Antissequestro).

Na época, o presidente César Gaviria Trujillo ordenou a criação da UNASE depois que o número de sequestros teve um aumento repentino de 789 casos em 1989 para 1.274 em 1990.

No primeiro ano de operação da UNASE, 1.038 sequestros foram registrados.

Gaviria encerrou seu mandato em 1994. Em 1996, um de seus irmãos foi sequestrado e libertado mediante pagamento de resgate.

No mesmo ano, a UNASE evoluiu e transformou-se no GAULA.

Sequestros aumentam e depois diminuem

Os sequestros, muitos dos quais cometidos por grupos do crime organizado que exigiam resgate, continuaram sua escalada por muitos anos. Em 2000, houve 3.572 sequestros na Colômbia, de acordo com as Forças Armadas. Em 2006, Liliana Gaviria Trujillo, irmã do ex-presidente, foi sequestrada e morta.

Com o tempo, os agentes do GAULA tornaram-se mais eficientes à medida que adquiriam experiência investigando sequestros e aperfeiçoavam seu treinamento e coleta de dados de inteligência. Nos anos 2000, o número de sequestros recuou de forma constante e depois caiu mais rapidamente.

Em 2013, 299 sequestros foram registrados na Colômbia, de acordo com estatísticas das forças militares. Entre 1º de janeiro e início de abril de 2014, houve 38 sequestros em todo o país. Se essa taxa se mantiver, terão sido registrados menos de 160 sequestros em todo o país até o final do ano.

Segundo o coronel José Ángel Pirela, comandante do GAULA, as investigações eficazes realizadas pelo GAULA, seguidas por processos consistentes para condenar e levar à prisão membros do crime organizado que realizaram sequestros, foram os principais motivos para a redução desse tipo de delito.

“O número de sequestros caiu drasticamente. Por meio dos processos criminais e ações preventivas, conseguimos desencorajar essa prática criminosa, tornando-a perigosa, cara e sem atrativos para os criminosos”, diz Pirela.

Agentes de elite

O GAULA é uma das unidades mais elitizadas nas Forças Armadas Colombianas. Seus membros recebem o mais alto grau de treinamento para prevenir e investigar sequestros e resgatar reféns.

Existem 21 grupos de combate GAULA, que são comandados por 86 oficiais militares. Os grupos incluem 253 oficiais graduados (suboficiais e sargentos) e 944 soldados do Exército e fuzileiros navais. Os oficiais do GAULA são equipados com tecnologia de ponta.

O treinamento do GAULA inclui combate tanto em área urbana quanto rural. Eles também são treinados em coleta de dados de inteligência, realização de incursões rápidas para resgatar vítimas de sequestro e gestão de crises.

“O treinamento é vital para o sucesso”, afirma Pirela. “Ele leva a um desempenho de trabalho aperfeiçoado.”

Os agentes do GAULA geralmente realizam missões de resgate perigosas. Desde 2005, 28 agentes do GAULA lutaram e morreram em operações de resgate.

De acordo com Pirela, essas missões geralmente são perigosas e complicadas.

“Resgatar uma pessoa na selva é mais complexo devido às condições topográficas e à dificuldade de encontrar rastros. Os reféns geralmente são levados para regiões sob a influência de organizações terroristas, o que complica sua localização e resgate”, explica Pirela. “Os telefonemas feitos às famílias são realizados através de meios de comunicação em diferentes localizações geográficas, o que exige que a inteligência militar e a judicial ajam para determinar o local do cativeiro. Apesar de todas as complexidades, os militares do GAULA realizaram diversos resgates.”

“Nossa missão é contribuir para a erradicação de comportamentos que ameaçam ou violem a liberdade pessoal, especialmente a extorsão e o sequestro, por meio de ações preventivas, trabalho de inteligência e operações de pesquisa, que levam ao resgate das vítimas e à prisão dos criminosos”, diz o coronel.

O treinamento dos agentes militares do GAULA inclui combate em zonas urbanas e rurais, gestão de crises, treinamento com armamento, instrução especializada para atiradores e grupos de assalto, batidas, detenção, combate aproximado, inteligência, conhecimento e destreza na especialidade do GAULA.

“O treinamento é vital para o êxito. Ele leva a um desempenho de trabalho aprimorado. Existe um comitê especializado no treinamento e reciclagem profissional antissequestro e antiextorsão, que durante o ano inteiro realiza incursões e expedições em todo o país com cada unidade GAULA, treinando em diferentes cenários de resgate e certificando-se de que cada membro participe de missões de resgate”, afirma Pirela.

Cooperação em resgate de reféns

Os agentes do GAULA tornaram-se especialistas em resgate de reféns. O trabalho em cooperação com os Estados Unidos, país parceiro na luta contra o crime organizado, ajudou as ações do GAULA.

Em 2003, o GAULA e as forças de segurança dos EUA começaram a trabalhar juntos no Programa de Assistência Antiterrorismo do Departamento de Estado dos EUA. O Programa foca operações de resgate de reféns.

Essa cooperação é essencial, ressalta Pirela.

“Uma unidade GAULA é muito especial devido a seu treinamento, equipamento e valores humanos e, nesse sentido, o apoio recebido pela missão do ATA [Escritório de Assistência ao Antiterrorismo] é de vital importância para a realização de nossas metas, à medida que somos beneficiados pela experiência americana e liderança na luta global contra o terrorismo”, diz o coronel.

Os agentes do GAULA trabalham estreitamente com a Procuradoria-Geral da República e o Departamento Administrativo de Segurança (DAS). A Colômbia é dividida em departamentos, e cada um conta com uma unidade GAULA. Em cada região, a unidade GAULA trabalha juntamente com os procuradores de seu respectivo departamento.

O treinamento e a cooperação têm sido benéficos. Desde 2007, as unidades GAULA desmantelaram 47 gangues de sequestradores, de acordo com os militares.

Segundo Pirela, além de desarticular gangues de sequestradores e resgatar reféns, os agentes do GAULA orientam a população civil sobre como evitar tornar-se vítima de sequestro.

“[Os conselhos específicos dados pelos agentes do GAULA] visam a educar nossa população para se prevenir de ser alvo deste flagelo”, afirma Pirela.

Sequestros realizados pelas FARC, ELN e gangues locais

A maior parte dos sequestros é cometida por grandes grupos do crime organizado, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), além de gangues de rua menores, diz Pirela.

“[As gangues de sequestradores] são principalmente de cidadãos colombianos e se caracterizam por sua contínua inteligência criminosa que lhes permite localizar a vítima em qualquer lugar”, explica Pirela. “No caso das FARC ou do ELN, quando não realizam diretamente os sequestros, eles o fazem por meio de criminosos comuns que sequestram as vítimas” e as levam até as FARC ou o ELN para serem trocadas por resgate.”

Segundo o coronel, os sequestradores geralmente seguem suas vítimas por dias ou meses para conhecer seus hábitos e determinar o melhor momento de sequestrá-las. Alguns sequestradores utilizam as mídias sociais, como o Facebook, para saber onde as vítimas moram, que propriedades possuem e os nomes de seus familiares, para saber quem contatar ao exigir o resgate.

O valor do trabalho de inteligência

Os agentes do GAULA baseiam-se em dados de inteligência para descobrir o paradeiro de vítimas de sequestros e resgatá-las. As unidades do GAULA passam boa parte de seu tempo colhendo dados de inteligência sobre gangues de sequestradores e as vítimas, afirma o coronel.

“O GAULA são praticamente várias unidades de inteligência, e essas unidades gastam 95% de seus esforços nessas tarefas como uma condição prévia para realizar operações antissequestro e antiextorsão bem-sucedidas”, destaca Pirela. “Essas unidades são recicladas a cada ano com instrutores especializados e exercícios práticos para combater melhor os grupos criminosos e terroristas que estão constantemente mudando seu modus operandi.”

“Em julho de 2008, agentes do GAULA utilizaram dados de inteligência para resgatar das FARC 15 pessoas, entre elas a ex-candidata à presidência da república Ingrid Betancourt, 11 soldados e policiais colombianos e três prestadores de serviços das Forças Armadas dos EUA. A ação ficou conhecida como Operação Jaque.

Embora os militares tenham obtido resultados na redução dos sequestros, as forças de segurança devem permanecer vigilantes, salienta Pirela.

“Qualquer sequestro cria indignação e renova nosso compromisso para erradicar essa prática que afeta tanto membros das forças de segurança quanto civis”, diz o coronel. “A atividade militar envolve correr riscos e fazer sacrifícios, mas a liberdade e a dignidade são invioláveis, uma situação que deve ser compreendida pelos sequestradores. Graças à ação decisiva e vitoriosa do GAULA, tem sido possível deter os terroristas e mostrar aos colombianos que eles podem contar com forças militares altamente treinadas para combater esse flagelo.”

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