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Um protesto com mais policiais que manifestantes

Ao menos 260 pessoas foram presas, entre elas cinco jornalistas.
Outras 8 pessoas acabaram feridas

MARÍA MARTÍN São Paulo
El País 

 
O segundo protesto contra a Copa do ano em São Paulo foi marcado pela enorme presença policial, uma tropa de pelo menos 2.300 agentes, que superou ao número de manifestantes.
 
A marcha, com quase mil pessoas segundo a polícia e umas 3.000 segundo os manifestantes que a transmitiram o ato ao vivo pela internet, saiu da Praça da República, no Centro, por volta das 18h. Em apenas uma hora estourou a primeira bomba, lançada pela polícia. A intenção das forças de segurança de impedir atos de vandalismo acabou frustrando um protesto que começou de forma pacífica, com tambores, gritos contra os gastos excessivos na Copa, contra a brutalidade policial e a qualidade dos serviços públicos.
 
Antes de qualquer depredação –duas agências bancárias, orelhões e lixeiras foram atacadas posteriormente- os chamados agentes-ninja, com conhecimento de artes marciais convocados pela primeira vez para atuar em um protesto, aproveitaram uma brecha no bloco e entraram para prender os manifestantes mascarados. O clima tenso obrigou a muitos outros participantes a se afastarem da marcha.
 
A polícia deteve um grupo de cerca de 50 manifestantes que foi obrigado a se sentar no chão e acabou rodeado por quatro fileiras de policiais com mais de uma centena de agentes. Depois foram levados, algemados, em vários ônibus até as delegacias da região. O número total de detidos chegou a 262 pessoas, entre elas seis jornalistas que cobriam a manifestação e um professor da Universidade de São Paulo (USP). Outras oito pessoas acabaram feridas, cinco deles policiais.
 
Passadas as 20h, o ato já tinha terminado. Um cordão policial interditou a Rua Coronel Xavier de Toledo, impedindo a passagem, inclusive da imprensa.
 
Com a intenção de esvaziar o protesto deste sábado, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), intimou no mesmo horário do ato 40 participantes habituais das manifestações. Muitos deles nunca tinham sido presos e denunciaram a coincidência no Facebook. A Secretaria da Segurança Pública confirmou os depoimentos e informou que, apesar da coincidência, outras intimações foram programadas para os próximos dias. A pasta não reconheceu que as convocações para os depoimentos fazem parte de uma estratégia de esvaziamento do protesto. Disse ainda que desde junho já foram intimados 80 manifestantes. Em um só dia, a metade desse número foi convocada para esclarecimentos.

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