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Rocinha: cães ajudam a achar tonéis enterrados com droga

Mônica Garcia

A maioria das apreensões realizadas neste domingo nas comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, estava escondida em tonéis enterrados pelos criminosos antes da fuga. A droga, cerca de 500 kg entre cocaína e maconha, tinha sido embalada em bexigas de borracha para despistar os cães farejadores usados pela Polícia Militar. Na ação, a polícia contou com a ajuda de 12 cachorros, entre eles o labrador Bento, que, sozinho, localizou 45 kg de cocaína em tabletes, 30 kg em bexigas, 30 kg de maconha e uma uma pistola israelense uzi 9 mm na localidade conhecida por Portão Vermelho no alto da Rocinha.

A cadela pastor alemão Brita, 4 anos, foi um dos cães treinados pela PM e usados na operação. Ela encontrou drogas embaladas em bexigas. Entre as munições encontradas hoje estavam 1.116 capsulas só da metralhadora .30, que, segundo a polícia, derruba até helicópteros. Foi encontrada ainda uma grande quantidade de cartões de créditos, dois celulares, três capas de colete à prova de bala, uma camisa da polícia, uma farda camuflada do Exército e 17 máquinas caça-níqueis. A polícia aprendeu materiais hospitalares – soro e seringas-, uma pistola desmontada, uma réplica de pistola, um notebook, um Ipod, uma câmera digital, 61 bombas artesanais, dois rádios transmissores e uma barraca de camping.

Foi apreendida ainda uma metralhadora medson 762 – que trazia a inscrição "mestre", alcunha usada pelo traficante Nem -, e mais 15 fuzis. A polícia ainda encaminhou para a tenda do 13º batalhão 20 pistolas, uma submetralhadora, duas espingardas, 20 rojões, três granadas 102 carregadores de fuzil e 56 carregadores diversos.

Durante a ação, cinco pessoas foram detidas, entre elas um adolescente, que aparentava ter 15 anos e era procurado pela polícia desde 2009. O jovem foi encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e os outros quatro presos, para a 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea.

Também foram desmanteladas duas centrais clandestinas de TV a cabo e encontrados R$ 415,10. A polícia afirma que o trabalho de apreensão nas três comunidades (Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu) ocorrerá 24 horas por dia até quinta-feira. Tudo que for encontrado será levado para a 15ª DP.

A prisão de Nem
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado – a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.

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