Há cerca de 10 dias ocupando os complexos de favelas do Chapadão e da Pedreira, controlados por facções rivais na zona norte do Rio de Janeiro, militares das Forças Armadas montaram uma base temporária no local e removeram mais de 150 barricadas desde o início da operação na região, no dia 28 de junho.
A remoção de barricadas erguidas por facções criminosas tem o objetivo de facilitar a atuação dos militares e da polícia na região e enfraquecer o crime organizado, segundo o Comando Conjunto da intervenção federal no Rio.
Críticos das ocupações das Forças Armadas em favelas dizem que elas não resolvem o problema, pois os criminosos se esconderiam durante as ocupações e retornariam após a saída dos militares. Defensores da medida dizem que as ações ostensivas não resolvem o problema do crime organizado, mas elas seriam necessárias para enfraquecer periodicamente as facções criminosas.
O órgão disse que foi necessário montar a base temporária em um galpão da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), no Complexo da Pedreira, para facilitar a logística e tornar a resposta a eventuais crimes mais rápida. Militares estão abrigados em tendas e a instalação é usada como base de veículos e equipamento pesado do Exército.
Os complexos de favelas são usados como núcleos para ações de roubos de cargas. Os caminhões que viajam pela rodovia Presidente Dutra são abordados na Avenida Brasil e levados para dentro das favelas – que eram fortemente guardadas por homens armados e barricadas – e descarregados. Os produtos eram então vendidos em pontos de comércio informal do Rio. Em muitos casos, mesmo sabendo dos roubos, a polícia não conseguia entrar na região para recuperar as cargas.
O Chapadão é controlado pela facção CV (Comando Vermelho) e a vizinha Pedreira, por grupos rivais, entre eles o ADA (Amigos dos Amigos). A região abriga 1,2 milhão de pessoas e vive sob tensão constante devido a ameaças frequentes de ambos os lados de invasão da área dos rivais.
A ação para ocupar o Chapadão e a Pedreira, na quinta-feira (28), foi a maior desde o início da intervenção federal no Rio, em fevereiro, e envolveu mais de 5.500 agentes das Forças Armadas e da polícia. O general Antônio Barros, chefe do Comando Conjunto e da Primeira Divisão de Exército visitou as instalações da base temporária no sábado (07JUÇ2018).
A intervenção federal classifica esse tipo de ação ostensiva de tropas como emergencial. Ela ocorre em paralelo a um processo nos bastidores que visa reestruturar, reequipar e melhorar a gestão das polícias do Rio de Janeiro.
Fotos acima mostram detalhes da tropa acantonada nas instalações da CONAB.
Tropa em patrulha noturna no Chapadão.