por Elenilce Bottari
RIO — Diante da estratégia adotada por quadrilhas em favelas do RIo cercadas por áreas verdes, a Academia Militar das Agulhas Negras recebeu, na semana passada, 64 policiais militares, civis e federais que participaram do primeiro Estágio de Operações em Ambiente de Mata, realizado numa área de 68 quilômetros quadrados. A escola militar em Resende, no Sul Fluminense, abriga um dos mais importantes centros de treinamento tático do Exército, a Seção de Instrução Especial, responsável pela formação de combatentes brasileiros que também atuam na defesa da Amazônia.
Policiais das tropas de elite do Rio — batalhões de Operações Especiais e de Ações com Cães, Comando de Operações Especiais, Grupamento Aeromóvel e Coordenadoria de Recursos Especiais — aprenderam a usar bússolas para se orientar durante o dia e à noite em terrenos hostis. Eles também tiveram aulas teóricas e práticas de tiro, de rapel, de técnicas de abordagem e de técnicas de ação durante uma patrulha. Receberam ainda treinamento para fazer o socorro e o resgate de feridos. Chefe da Seção de Instrução Especial da Aman, o tenente-coronel Flávio Schmitz Júnior explicou que o curso tem o objetivo de preparar os policiais para enfrentar situações extremas em regiões hostis.
Eles também tiveram aulas teóricas e práticas de tiro, de rapel, de técnicas de abordagem e de técnicas de ação durante uma patrulha. Receberam ainda treinamento para fazer o socorro e o resgate de feridos. Chefe da Seção de Instrução Especial da AMAN, o tenente-coronel Flávio Schmitz Júnior explicou que o curso tem o objetivo de preparar os policiais para enfrentar situações extremas em regiões hostis.
— A mata é um ambiente muito peculiar, hostil, porque deixa o combatente desorientado. Ele perde as referências, não sabe para onde seguir e, neste momento, fica exposto às forças adversas. Por isso, precisa de treinamento específico — disse o militar.
Um dos oficiais da Polícia Militar que participaram do curso de uma semana na Aman levou para a “sala de aula” a experiência que teve durante uma operação na Rocinha.
— Durante o auge dos conflitos, a gente foi apoiar uma equipe que ficou com pouca munição na mata. Os traficantes sabiam por onde entraríamos, e fomos emboscados. Ficamos duas horas encurralados, tomando tiros. Conseguimos sair ilesos, mas os bandidos fugiram para o Morro do Turano. A realidade é que os bandidos vão se adaptando ao meio — contou.
Áreas verdes que servem de trilhas para o tráfico
Morro do Barão (Praça Seca) dá acesso ao Complexo do Lins
Rocinha tem ligação com o Morro do Vidigal,a Chácara do Céu e o Alto da Boa Vista
OPERAÇÕES SIMULTÂNEAS
Para encurralar as quadrilhas, o Gabinete Federal de Intervenção (GIF) — integrado por militares do Exército que comandam hoje a segurança pública do
Rio — determinou que fossem feitas, na semana passada, operações simultâneas em favelas que têm ligação por meio de áreas de mata. É o caso de Rocinha e Vidigal, por exemplo.
Policiais de tropas especiais do Rio participaram, durante a última semana, do Estágio de Operações em Ambiente de Mata, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), do @exercitooficial. A atividade cumpre o objetivo de recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança. pic.twitter.com/tSPSkuAcwM
— Intervenção Federal RJ (@intervfederalRJ) 23 de setembro de 2018
Há trilhas, também, que ligam comunidades da Praça Seca ao Complexo do Lins, assim como o Complexo da Penha ao Alemão.
Segundo o coronel Marcus Vinicius Mansur Messeder, chefe da Comunicação Social do GIF, o treinamento de policiais faz parte das metas estruturantes do plano estratégico da intervenção, iniciada em 16 de fevereiro. Até o momento, já foram realizados 49 cursos para 2.242 policiais, sendo 357 agentes de tropas especializadas e 2.065 policiais de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O Estágio de Operações em Ambiente de Mata foi oferecido pela primeira vez para policiais.
— A ideia é recapacitar e fortalecer as polícias para que elas possam fazer o seu papel. E já estamos conseguindo resultados. Os equipamentos — armas, veículos e munição — ainda nem chegaram, mas já conseguimos reduzir os índices de violência — disse Messeder.