Redação DefesaNet
e Agências
Moscou, 27 Jul 2019 – A polícia russa prendeu mais de 1.000 pessoas que estavam reunidas em Moscou neste sábado (27JUL2019) para pedir eleições locais livres e justas, apesar do aumento da pressão contra a oposição nos últimos dias.
Segundo Centro de Monitoramento de liberdades Individuais foram 1388 pessoas detidas, número que podeaumentar pois além de Moscou, ações também foram realizadas em outras coidades para impedir o acesso de manifestantes
As forças de segurança fizeram enormes prisões entre os participantes que chegavam à principal via de Moscou, a avenida Tverskaya, aos gritos de "Vergonha" e "Queremos eleições livres", fazendo eles recuarem para ruas adjacentes.
Segundo números oficiais da polícia, 3.500 pessoas participaram no protesto, incluindo 700 jornalistas e blogueiros, e "1.074 pessoas foram detidas por delitos diversos", detalhou. (Nota DefesaNet número alterados posteriormente)
Esta concentração não autorizada em frente à Prefeitura da capital ocorre menos de uma semana após uma manifestação sem precedentes desde o movimento quando Vladimir Putin voltou ao Kremlin.
A oposição denuncia a proibição de candidaturas independentes para as eleições locais, que aparentemente serão difíceis para os candidatos governistas.
Humor à moda russa: "The Russian constitution says you are free to protest. It does not say you will be free after the protest."
À tarde, grupos manifestantes tentaram bloquear várias ruas no centro de Moscou por alguns minutos. Um elevado contingente de policiais foi ao local e acabou com o bloqueio rapidamente.
"Estávamos nos manifestante pacificamente, não estávamos com armas (…), não demos nenhum motivo para essas prisões violentas", criticou Anastassia Zabaliueva, de 27 anos, professora de francês e inglês.
Diversos opositores foram presos na manhã deste sábado, como Ilia Yashin, Liubov Sobol e Dmitri Gudkov. Os três foram libertados à tarde. Sobol terá que pagar uma multa de 30 mil rublos (cerca de 400 dólares), enquanto Yashin e Gudkov deverão comparecer a um tribunal ainda neste mês.
As casas e gabinetes de vários candidatos impedidos foram alvo de operações de busca e apreensão e, na quarta-feira, o principal opositor do Kremlin, Alexei Navalni, foi condenado a 30 dias de prisão por violar "regras das manifestações".
Essas ações judiciais ocorrem após a abertura de uma investigação de "obstaculização do trabalho da Comissão Eleitoral" de Moscou, devido às manifestações de meados deste mês.
Elas podem gerar penas de até cinco anos de prisão, o que traz à memória as condenações pesadas durante o movimento de 2011-2012 contra a volta de Vladimir Putin à presidência.
A ONG Anistia Internacional, que teme uma "repressão enorme em breve", criticou uma "tentativa aberta e descarada das autoridades russas de intimidar a oposição".
Antes da manifestação no sábado, a polícia de Moscou emitiu uma advertência aos cidadãos e propôs que jornalistas cobrindo o evento se identificassem, um acontecimento inédito que antecipava as numerosas prisões.
O registro de cerca de 60 candidaturas às eleições do Parlamento de Moscou foi rejeitado, oficialmente por causa de erros na coleta das assinaturas de apoio necessárias.
Os candidatos independentes excluídos denunciaram irregularidades fraudulentas e acusaram o prefeito Sergey Sobianin, alinhado ao governo central, de querer sufocar a oposição.
A polícia também invadiu os estúdiso da emissora de TV @tvrain que estava transmitindo os protestos por quatro horas.
Riot police pushing protesters on Stoleshnikov lane https://t.co/hOdXPO4kUe pic.twitter.com/qYeypTxOsv via @Kirilenko_a #Russia
— Liveuamap (@Liveuamap) July 27, 2019
Os manifestantes cantavam "Putin Ladrão", ao enfrentar a polícia.