Bruno Doro
Do UOL, no Rio de Janeiro
O jornalista Artur Zhol era um dos 12 passageiros de um ônibus da organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro que teve duas janelas atingidas durante um trajeto entre o bairro de Deodoro e o Parque Olímpico da Barra da Tijuca na noite de terça-feira (9). Vindo de Belarus, ele não sabe se terá condições de seguir fazendo o seu trabalho nas Olimpíadas.
“Não sei como vou fazer para continuar cobrindo essa Olimpíada. Não sei como vou entrar em um novo ônibus e encarar esse caminho de novo. É isso o que eu estou me perguntando agora. Talvez seja melhor pensar em criar coragem e tentar entrar. Não sei”, afirmou Zhol, repórter do jornal Pressball. “Uma coisa é quando acontece com outras pessoas e você só ouve falar. Outra é quando acontece com você. Quando você presencia algo assim”.
Ele não foi o único a se assustar. Assim que ouviram o barulho dos vidros estilhaçando, todos os passageiros se jogaram no chão do veículo. Foi assim que Zhol sofreu cortes superficiais em sua mão e que um jornalista turco, que trabalha como voluntário, cortou o braço. Jornalistas brasileiros que também estavam no veículo relataram medo, principalmente dos estrangeiros.
O argentino Gastón Sainz, do jornal La Nacion, disse que “escutou o impacto nas janelas, que se quebraram imediatamente”. Pouco depois de 19h45, quando o incidente aconteceu, ele escreveu em sua conta no Twitter que estava “em perfeitas condições. Foi apenas um susto”.
Alguns passageiros questionaram o Comitê Organizador dos Jogos sobre a segurança ao longo das rotas que os ônibus com credenciados usam. O trajeto entre a Vila Militar de Deodoro, que recebe evento de rúgbi, basquete feminino, hóquei sobre a grama, hipismo e canoagem, entre outros, passa pela Transolímpica, que cortou algumas comunidades carentes violentas. O local em que os vidros se estilhaçaram, Curicica, na Zona Oeste, já era mais próximo do Parque Olímpico.
Um motorista ouvido pelo UOL Esporte disse que, na semana passada, outro ônibus da organização sofreu um incidente similar. Uma pedra atingiu o veículo e amassou a lataria. Não há confirmação se os vidros do ônibus nesta terça foram estilhaçados por pedras ou balas de pequeno calibre. Policiais que fizeram a escolta do ônibus até a Barra da Tijuca falam em pedras. Os passageiros acreditam na segunda hipótese, já que não perceberam pessoas no lugar do caso.
O Comitê Organizador da Rio-2016 afirmou que “o Coordenador Geral de Defesa de Área (CGDA) do Exército e a Polícia Militar informaram que aumentaram o patrulhamento na região”. Além disso, o ônibus será submetido a perícia oficial pela polícia e o motorista prestará depoimento oficial.
Nota DefesaNet
O ataque ao ônibus dos jornalistas na noite de terça-feira foi tema de cenário exposto na matéria de DefesaNet (RIO2016 – Confrontos e tiros perto de arenas e rotas da Olimpíada junho 2016 Link)
Principais arenas e locais da RIO2016 em azul e os pontos pretos Favelas. Observar que as principais rotas, Linhas Amarela e Vermelha são cercadas por favelas. As mais importantes pela extensão e a posição estratégica são o Complexo da Maré na saída do aeroporto do Galeão e o Alemão ao lado da Linha Amarela acesso direto à Vila Olímpica. Arte – DefesaNet