FABIO GRELLET / MARCO ANTÔNIO MARTINS / RODRIGO RÖTZSCH
A mobilização dos bombeiros por melhores salários preocupa a Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Desde segunda-feira, o comandante-geral da corporação, coronel Mario Sérgio Duarte vem se reunindo com oficiais para que eles tentem impedir a adesão de cabos e soldados ao movimento. A unidade que mais preocupa é o Batalhão de Choque.
Na sexta-feira, quando os bombeiros decidiram invadir o Quartel Central da corporação, os policiais do batalhão, que estavam diante do local, abriram caminho para os manifestantes entrar.
O estado de alerta aumentou depois que policiais foram fotografados com fitas vermelhas em seu uniforme -símbolo de apoio ao movimento dos bombeiros.
O piso salarial de um PM é igual ao dos bombeiros: R$ 1.034,11 (R$ 950 líquidos). Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) recebem gratificação de R$ 1.500. Os PMs das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) ganham R$ 500.
NEGOCIAÇÃO
Para acabar com o movimento dos bombeiros, o novo comandante da corporação, coronel Sérgio Simões, visitou os presos do batalhão de Niterói e ofereceu a eles que fossem transferidos para unidades perto de suas casas -o que dividiria o grupo.
Todos rejeitaram a proposta. À noite, Simões reuniu-se com sete representantes da categoria. Disse que levaria suas reivindicações ao governador Sergio Cabral (PMDB).
O encontro com Simões mostra que os manifestantes começam a ceder. Até então eles exigiam diálogo com o governador ou o secretário de Planejamento.
Simões voltou a afirmar que a liberação dos 439 presos, principal reivindicação dos bombeiros neste momento, só pode ser decidida pela Justiça.
A Defensoria Pública estadual apresentou ontem à Auditoria Militar pedidos de relaxamento de prisão e de liberdade provisória aos detidos. Outro pedido de soltura foi apresentado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pelo deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR).
O desembargador convocado Haroldo Rodrigues, da 6ª Turma do STJ, só deve decidir após receber informações sobre as prisões pedidas ao governador do Rio.
CABEÇAS RASPADAS
Ontem, os bombeiros presos resolveram raspar a cabeça e deixar apenas a inscrição 439, numa referência ao número de presos na manifestação. Outras unidades dos bombeiros no Estado apoiam o movimento.
Os quartéis de Cabo Frio (Região dos Lagos) e de São João de Meriti (Baixada Fluminense) estão em operação padrão. São de Cabo Frio 47 dos 439 bombeiros presos.