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Rebeliões presídios em SP

Do UOL, em São Paulo

16 Março 2020 22h28

Rebeliões em presídios do estado de São Paulo estão em andamento na noite desta segunda (16), com fuga em massa de detentos — mais de 1.300 presos, segundo a PM — e reféns. Os motins seriam uma reação à decisão da Corregedoria Geral da Justiça (CGJ) de suspender a saída temporária de detentos em razão do avanço da epidemia do novo coronavírus.

No Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Dr. Rubens Aleixo Sendin, em Mongaguá, no litoral de São Paulo, centenas de detentos fugiram. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma grande quantidade de presos correndo pela rua.

Parte deles está com camisetas brancas e outros, sem camisa. Além do CPP de Mongaguá, há rebeliões ocorrendo em presídios de Taubaté, Sumaré, Porto Feliz, e na ala do semiaberto da penitenciária de Mirandópolis.

Incêndios em Mirandópolis e Taubaté

De acordo com a Polícia Militar de Mongaguá, a fuga aconteceu no início da noite de hoje em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas. A unidade está em rebelião, com pessoas sendo mantidas reféns no local. Não há informações de autoridades sobre quem ou quantos seriam os reféns.

Segundo nota do Sinfuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), são oito os policiais penais mantidos como reféns em Mongaguá.

Em todo o Estado de São Paulo, a PM confirma 1.356 fugitivos: 400 em Mongaguá, 926 em Mirandópolis e 30 em Taubaté.

Mais presídios

Advogados que atuam nos presídios enviaram informações a uma fonte do UOL, que está consolidando os dados, de que são 15 os presídios em que ocorrem ou ocorreram rebeliões na noite de hoje.

Além dos cinco já mencionados, há rebelião em Oswaldo Cruz, Hortolândia, Pemano, Tremembé, nos Centro de Detenção Provisória de São José dos Campos, Franco da Rocha, São Vicente, Campinas, Valparaíso e Osasco.

Procurada, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou as fugas, sem especificar o número de fugitivos, e destacou que as unidades de regime semiaberto, por determinação da legislação brasileira, não possuem vigilância armada. A SAP ainda ressaltou, em nota, que "está tomando as devidas providências para sanar o problema".

De acordo com o presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, as rebeliões seriam uma reação à decisão da CGJ de suspender a saída temporária de presos por conta da pandemia do novo coronavírus.

Os presos foram informados na tarde de hoje que não poderiam deixar as unidades.

Ataques

A Polícia Militar confirmou que um ônibus foi incendiado no bairro de Jardim Helena, no extremo leste da Capital. O fogo foi controlado pelos bombeiros. A PM não confirmou ataques a policiais militares, apesar de o UOL ter recebido informações neste sentido. Uma viatura da PM teria sido alvejada na cidade de Monte Mór, na região metropolitana de Campinas.

A PM confirmou ainda um segundo ataque a um agente penitenciário na noite de hoje, no bairro de Pirituba, zona norte de São Paulo. O agente revidou aos disparos e acertou as pernas do atirador.

Novo "salve"

Segundo o UOL apurou com fontes da advocacia, houve um "salve" do PCC determinando que fosse feito barulho. "Salve" é uma ordem dada por lideranças da organização criminosa.

As rebeliões de 2006, seguidas posteriormente de ataques contra forças policiais, foram determinadas por um "Salve Geral" determinado pela liderança do PCC.

A CGJ suspendeu a saída temporária dos detentos do regime semiaberto prevista para os próximos dois dias. Segundo a decisão do órgão do Tribunal de Justiça, a saída deverá ser remarcada pelos juízes corregedores dos presídios, "conforme os novos cenários e em melhor oportunidade", o que provocou descontentamento entre os presos.

Morte de agentes

Na semana passada, segundo o Sifuspesp, dois policiais penais foram mortos a tiros em Taboão da Serra e em Mauá, na Grande São Paulo. Em Mongaguá um agente foi ferido num tumulto na cadeia onde houve uma das fugas em massa de hoje.

Agora à noite um agente penitenciário teria sido baleado no bairro de São Matheus, na zona leste de São Paulo.

Busca de fugitivos

Equipes da Polícia Militar estão fazendo rondas nas ruas de Mongaguá e na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega para tentar recapturar os presos.

De acordo com a SSP, até as 21h30 de hoje 41 detentos do CPP de Mongaguá já foram recapturados.

Localizado em Mongaguá, o CPP Dr. Rubens Aleixo Sendin tem capacidade para 1.640 detentos, mas abrigava em torno de 2.796, conforme estatísticas da Secretaria da Administração Penitenciária.

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