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POEMA – Não consigo respirar

Não consigo respirar

Eu, policial militar, não consigo respirar.

O colete me sufoca

O coturno cozinha os meus pés.

Se você acha que está calor, na viatura não tem ar.

Eu, não consigo respirar.

O rádio não cala

É briga de casal

Acidente de trânsito

Roubo, sequestro e tráfico.

O 190 chama sem parar

O copom tem que despachar

Eu, não consigo respirar.

Estou aqui no bairro nobre

O playboy me acusa de ser pobre

Na calçada cara diz pra eu não pisar.

Quem me chamou até outrora, está se sentindo ameaçado,

Já não quer mais reclamar.

Eu, não consigo respirar.

O moto boy está na calçada, placa adulterada

A mais de um ano sem CNH.

As leis não quer aceitar

Quer me agredir e reagir

A mídia mostra só um lado da reportagem, fala em agressão covarde.

Eu, não consigo respirar.

Estou aqui na audiência de custódia

Os marginais reclamam e choram

São todos liberados, até me sinto culpado.

Parece que está tudo errado, valores estão trocados

O policial quase preso, os bandidos liberados.

Eu, não consigo respirar.

Hoje é minha folga, estou aqui no fórum

Vejo vossa excelência com toda educação e elegância ao bandido de senhor chamar.

Quando chega minha vez da verdade ali falar,

Logo já me é falado que preso e processado dali poderei ser levado, se não ficar provado que o ato foi legal.

A prisão do marginal, tenho que de novo provar.

Eu, não consigo respirar.

Porque no precatório já ganhado

O governo ajoelhado, insiste em não pagar.

Sem recursos, o consignado me sufoca

O aumento de 5% me revolta.

Eu, policial militar, não consigo respirar.

Todas as vidas são importantes,

E também a vida cinza bandeirante.

Autor: 3º SGT. PMESP REF. Fernando Alves de Moraes

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