De forma totalmente tendenciosa e com dramaticidade apelativa, a matéria surpreendeu negativamente os integrantes da Instituição e, certamente, muitos dos telespectadores. Lamentavelmente, não abordou todos os aspectos que o tema letalidade policial envolve.
Diferentemente do que transmite a reportagem, a Polícia Militar preserva como principal valor a defesa da vida e busca constantemente reduzir as taxas de homicídio e também a letalidade policial.
Nota-se que a estatística apresentada, para justificar o que queriam provar os jornalistas, somou indiscriminadamente números da letalidade policial (resultado de confronto de criminosos com policiais militares em serviço) com as mortes de criminosos em razão de tentativas de roubos ou de latrocínios, ou mesmo de homicídios contra policiais militares em seus horários de folga, ocasião em que agiram defendendo a própria vida ou de outrem ou, em raríssimos casos, por outras questões não abarcadas nas hipóteses excludentes de ilicitude.
Pelo princípio da transparência e da imparcialidade que devem reger o bom jornalismo e todo o serviço de utilidade pública, tais esclarecimentos poderiam ser explorados na entrevista autorizada em atendimento ao pedido do SBT, com o próprio Coronel PM Marcelino Fernandes da Silva, Corregedor da Polícia Militar. Todavia, sua participação foi editada da pior forma possível, interrompendo-se a fala do Oficial e omitindo-se explicações importantes que buscou transmitir ao telespectador.
Informações relevantes sobre os homicídios foram desprezadas, como o fato de que o Estado de São Paulo vem conseguindo, de maneira sistemática, reduzir os indicadores, constituindo-se em um dos principais casos de sucesso no mundo. O índice de homicídios em São Paulo é, de longe, o mais baixo do Brasil e um dos menores das Américas, graças à atuação na linha de frente da segurança pública constituída pela legalista e eficiente da Polícia Militar, preservando inúmeras vidas daqueles que poderiam ser vítimas da ação criminosa.
A letalidade policial é um fenômeno bem mais complexo do que a reducionista matéria apresenta. Nota-se, preliminarmente, que o homicídio constitui crime contra a pessoa, mas as mortes decorrentes de intervenção policial se iniciam, na quase totalidade dos casos, com uma ocorrência de crime contra o patrimônio em que o criminoso está armado e reage à intervenção policial.
Como procurou demonstrar o Corregedor PM, em sua fala interrompida, a Polícia Militar trabalha com os efeitos em uma sociedade violenta e seus integrantes também são vítimas dessa mesma violência. Quando os indicadores de roubo se mostram elevados, a quantidade de confrontos também se eleva, isso porque a polícia, com o emprego de tecnologia de ponta, chega cada vez mais rápido aos locais de ocorrência.
No atendimento imediato, tem-se deparado muitas vezes, ainda, com a presença dos criminosos que optam por atacar os policiais. Dessa forma, a chance de confronto aumenta na mesma proporção da intensidade e rapidez das intervenções policiais.
Embora exista a elevação na quantidade de confrontos, muito se tem feito para reduzir a letalidade policial, a exemplo da exigência de socorro especializado nas ocorrências com confronto (SAMU ou Resgate), o estudo de caso de ocorrências de alto risco, cujo principal objetivo é analisar a ocorrência com resultado morte e estudar alternativas de intervenção que poderão evitar o mesmo resultado em episódios futuros e, também, o Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM), para avaliação e acompanhamento dos policiais militares que se envolvem em ocorrências de alto risco, e que retornarão ao serviço operacional quando forem considerados aptos pelo setor responsável.
Ainda, em nenhum momento da matéria foi mostrado o policial militar vítima da violência no país. O Brasil apresenta uma das maiores taxas de vitimização policial do mundo. Somente no ano passado, 56 policiais militares foram vítimas de homicídio, sendo 10 de serviço, 36 de folga e 10 inativos. Já em 2017, até o dia da reportagem, 11 policiais militares foram vitimados, sendo 1 de serviço, 05 de folga e 05 inativos.
A Polícia Militar permanece à disposição do SBT para outros esclarecimentos, confiando que essa emissora levará as ponderações da Polícia Militar aos seus telespectadores, pautando-se pela seriedade, profissionalismo e isenção que o tema merece.
#podeconfiarpmesp
COMUNICAÇÃO SOCIAL PMESP