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PM SP aprende em manual como agir em caso de protestos

LEANDRO MACHADO
DE SÃO PAULO


O que a Polícia Militar deve fazer quando uma avenida importante é ocupada por 100 mil pessoas, como ocorreu na Paulista no dia 20 deste mês? Qual é a hora de intervir? Bombas? Tiros de borracha?

Nos primeiros protestos, a PM de São Paulo usou esses recursos para reprimir os manifestantes que praticavam vandalismo ou tentavam chegar a áreas não permitidas.

O modo de usá-los está no manual "Controle de Distúrbios Civis", aprovado pelo Ministério Público. O material é usado pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo para treinar policiais.

Na cartilha, há itens como a distância em que os policiais do Choque devem ficar dos manifestantes –30 metros– e como devem ser utilizadas armas não letais, como a bala de borracha.

A arma, usada caso os manifestantes reajam às bombas de efeito moral, deve ser mirada abaixo da cintura.

As bombas devem ser lançadas à distância em espaços com rotas de fuga. Servem para dispersar a multidão ou impedir que entre em locais como prédios públicos.

"A bomba faz com que a pessoa se assuste e perca a noção de força de massa'. Ela volta a pensar como indivíduo, que tem dor e medo", diz o coronel José Vicente da Silva, professor do Centro de Altos Estudos da PM.

Muito usado no exterior, o canhão de água não faz parte do kit de equipamentos das polícias do Brasil. Ele poderia, por exemplo, substituir as bombas de efeito moral.

Para Tânia Pinc, pós-doutoranda em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas, a polícia precisa saber dosar o uso da força.

"Não é uma decisão fácil, depende das circunstâncias, mas os métodos da polícia devem estar embasados na lei", diz a acadêmica, que estuda a PM e trabalhou por 25 anos na corporação de São Paulo.

"O manual ajuda, mas o que conta é a experiência do policial, a tensão do momento, o estresse da tropa", diz.

A atitude policial em São Paulo mudou após o protesto de 13 de junho, segundo Pinc.

Naquele dia, a PM usou bombas e tiros de borracha para impedir que manifestantes chegassem à av. Paulista.

Nos atos seguintes, houve relatos de omissão policial em casos de vandalismo.

"Depois do dia 13, a sociedade criticou a polícia. O governo percebeu e interferiu na ação", explica Pinc.

O assessor especial da Secretaria da Segurança Pública, Fábio Bechara, não acredita que houve um recuo. "Foi uma mudança de estratégia, até pela diferença no perfil dos manifestantes."

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