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PCC – Polícia investiga suposta ligação do PCC com acordo de paz entre torcidas


Alexandre Hisayasu e Felipe Cordeiro

SÃO PAULO – A Polícia Civil vai abrir inquérito para investigar a veracidade de áudios que circulam em grupos de WhatsApp em que homens afirmam que a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) ordenou o fim das brigas entre torcidas organizadas de times paulistas. Nas gravações, são relatadas ameaças feitas por líderes do grupo criminoso.

O caso será conduzido pela delegada Margarete Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), divisão subordinada ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa responsável por apurar brigas de torcida no Estado de São Paulo.

O Estado teve acesso aos áudios. Em dois deles, homens afirmaram que o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, foi  o responsável pelo acordo de paz entre as organizadas.

"Receberam ordem do Marcola, que não é para ter briga nenhuma de torcida. Nem morte, nem briga, nem nada", disse o torcedor. "O cara que brigar vai apanhar, o cara que matar vai morrer. É ordem do PCC, entendeu?"

Em outra gravação, um rapaz declarou que os líderes das organizadas seriam responsabilizados em caso de brigas.

"Quem deu o salve foi 'maninho' Marcola, acabou a briga, acabou guerra de torcida, mano. Se tiver, quem vai (morrer), são os líderes aí, os caras da (zona) norte estavam falando. Acabou, mano", afirmou. "E, se matar, quem vai morrer são os líderes."

Já outro homem disse que a suposta ordem foi dada a integrantes de torcidas organizadas de todas as regiões da cidade e do Estado.

"Isso cabe para todas as quebradas, mano. Não estou brincando. É referente ao comando. Pôs a pedra em cima do bagulho, tá ligado?", afirmou. "Se brigou na zona norte, a gente brigou, o que acontece? O bagulho vai berrar para nós que somos lideranças. Matou um moleque que é inimigo, nós vamos morrer também."

'Vamos, vamos, Chape'. No último domingo, 4, torcidas dos quatro principais clubes de São Paulo deixaram a rivalidade de lado e se uniram para homenagear as vítimas da tragédia sofrida pela Chapecoense, que matou 71 pessoas e deixou apenas seis sobreviventes.

Integrantes da Gaviões da Fiel (Corinthians), da Torcida Jovem (Santos), da Mancha Alviverde (Palmeiras) e da Independente (São Paulo) foram à Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, na região central da capital paulista, e prestaram solidariedade à equipe catarinense. As torcidas Esquadrão, que apoia o XV de Piracicaba, e Esquadrão Andreense, do Santo André, também participaram do ato.

Quando todas as torcidas chegaram, por volta das 13 horas, os torcedores respeitaram um minuto de silêncio e depois marcharam da praça até a porta do estádio, em uma movimentação sem incidentes. Em meio a bandeirões, baterias e fogos de artifício, as agremiações cantaram uma só música durante todo o tempo, o grito de "Vamos, vamos, Chape", que ficou popularizado no Brasil e no mundo após a tragédia.

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